São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 1995
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Arte moderna se deteriora em Brasília

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Obras expostas no principal museu de arte de Brasília estão se deteriorando em consequência do seu completo abandono. Há trabalhos quebrados, com teias de aranha e sem identificação.
As condições do próprio prédio do MAB (Museu de Arte de Brasília), administrado pelo governo do Distrito Federal, impedem a exposição de todo o acervo para visitações públicas.
Há manchas de vazamento de água nas paredes e teto do museu. As obras de Siron Franco, Scliar, Glênio Biancchetti, Athos Bulcão, entre outros artistas, estão fechadas em um depósito.
Os trabalhos expostos estão sem conservação. Um quadro de Nuno Ramos -sem título- está se desmanchando. O quadro tem teias de aranha e fragmentos do trabalho podem ser encontrados no chão.
A obra, de cerca de dez metros quadrados, onde o artista usou estopa, tela de arame, tinta e outros materiais está na parte externa do prédio protegida por uma marquise. O trabalho recebeu o Prêmio Brasília 1990.
Algumas esculturas, também na parte externa do museu, estão sem identificação. A obra em barro cozido do ceramista Antônio Poteiro, provavelmente "Santíssima Trindade", não tem referência alguma.
Além de estar sem indicação do autor, outra obra, na forma de uma cobra, divide o jardim com o mato que cresce na grama e está quebrada em quatro pontos, pelo menos.
Na parte interna do museu, nenhuma referência acompanha a exposição temporária da artista plástica Naura Timm. Os 24 quadros no subsolo do MAB não trazem informação alguma.
A única exposição, das três temporárias atuais, que trás catálogo e explicações é sobre arquitetura. "Diálogo com Le Corbusier" mostra fotos de trabalhos do pintor, escultor e arquiteto suiço.
Oscar Niemeyer, seguidor de Corbusier, usou o mesmo estilo na construção de Brasília.
A exposição intitulada "Karajás" de Shirinsk mostra poemas sobre a vida dos índios e a natureza, escritos sobre papéis pintados. Os trabalhos estão expostos no subsolo do museu sem qualquer outra informação.
O MAB não integra a rota turística de Brasília, apesar de estar bem próximo -cerca de um quilômetro- do Palácio da Alvorada.
O prédio fica às margens do Lago Paranoá, entre um esqueleto de concreto, que restou da construção interrompida de um hotel, e um alojamento ocupado por famílias de baixa renda.

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