São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 1995 |
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Pantera lança seu disco mais pesado em SP
MARCEL PLASSE
Quando: hoje e amanhã, às 22h Onde: Olympia (r. Clélia, 1.517, tel. 252-6255, Lapa) Quanto: de R$ 20 a R$ 40 A banda americana de heavy metal Pantera volta a se apresentar no Olympia, hoje e amanhã. Pantera lotou a casa noturna em sua primeira vinda a São Paulo, em dezembro de 1993. O baterista e produtor dos discos do Pantera, Vinnie Paul, resume sua primeira passagem pelo país com a palavra "loucura". Com os novos shows na América do Sul, a banda encerra a turnê de lançamento do álbum "Far Beyond Driven", o mais pesado e vendido de sua carreira. A turnê se tornou polêmica quando, num show no Canadá, no mês passado, o vocalista Phil Anselmo criticou o rap e os movimentos negros, de forma considerada racista. Vinnie Paul falou sobre racismo e violência à Folha, por telefone, de sua casa no Texas, antes de embarcar para a América do Sul. Folha - Com relação ao polêmico show canadense, qual é a posição do Pantera sobre a acusação de racismo? Vinnie Paul - Pantera não é uma banda racista, de jeito nenhum. As publicações que insinuaram isso não estavam em Montreal (no Canadá). Ouviram frases fora de contexto e extrapolaram, criando problema. Folha - O que aconteceu em Montreal? Phil fez mesmo uma defesa do "white power" (movimento pela supremacia branca), como noticiado pela imprensa? Vinnie - Phil nunca defendeu o "white power". Se você não mora nos EUA, fica difícil entender o desabafo dele. Basicamente, ele disse que toda e qualquer outra raça do mundo tem o direito de dizer: "Eu tenho orgulho de ser o que quer que eu seja... Tenho orgulho em ser negro". Os negros vivem falando em "black power" e em Malcolm X. Mas se um branco diz: "Ei, eu também tenho orgulho em ser quem eu sou", ele é rotulado de racista. E não é justo. Era isso que ele estava tentando demonstrar. Folha - Qual é a sua posição sobre o rap (música que defende o "black power")? Vinnie - Pessoalmente, eu gosto de muita coisa no rap. Phil é que não gosta. Mas também tem quem goste de metal e quem não goste. O que eu acho sobre o rap não tem nada a ver com Pantera. Folha - Vocês são amigos da banda Anthrax, que excursionou e gravou com o Public Enemy (principal grupo de rap na defesa do "black power"). O que você acha de bandas que misturam metal e rap? Vinnie - Tudo o que posso dizer é: não é o estilo do Pantera. Folha - Mas é possível fazer um rap usando como base uma batida do Pantera. Como baterista, você não acha que o Pantera tem uma levada dançante? Vinnie - Bem, é possível fazer rap com qualquer coisa que tenha um bom "groove" (embalo). E Pantera sempre fez questão de ter "groove". Folha - Na verdade, um rapper brasileiro (Gog, de Brasília) usou um "sample" (trecho de música) do Pantera para gravar um rap. O que você acha disso? Vinnie - "Cool". Folha - Cada novo disco do Pantera é mais pesado e faz mais sucesso que o anterior. Ser cada vez mais violento é a fórmula para se fazer sucesso hoje? Vinnie - Eu diria que há mais gente interessada em som pesado hoje do que há alguns anos. Talvez seja uma evolução natural. A cada ano, a música está mais agressiva, e não apenas na área do metal. Folha - As primeiras músicas do Pantera eram mais suaves. O que baixou na banda para fazê-la se transformar num exemplo extremo do metal pesado? Vinnie - Foi uma progressão natural. Sempre que entramos no estúdio, tentamos reproduzir a descarga de adrenalina das turnês. Nossa idéia sempre foi criar novas músicas que mantivessem o pique dos shows. Se elas ficaram mais pesadas, é porque temos acelerado ao vivo. Folha - A banda brasileira Sepultura acompanhou Pantera em turnê pelos EUA em 94. Como foi o relacionamento? Vinnie - Foi demais. Eles são ótimos e ficamos muito amigos. Celebramos juntos a final da Copa do Mundo de Futebol. Texto Anterior: Romance faz paródia da reforma da língua Próximo Texto: Arte moderna se deteriora em Brasília Índice |
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