São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995 |
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"Comédia da Vida Privada" é um "TV Pirata" melhorado
SÉRGIO DÁVILA
O programa é o primeiro a estrear na nova "Terça Nobre". Os outros incluídos no pacote serão "Casseta & Planeta, Urgente!", "Som Brasil" e "Brasil Legal". "Comédia" é o melhor fruto do que se chama geração pirata, aquela experiência renovadora do humorismo brasileiro nos anos 80. Dirigida por um Guel Arraes mais contido (e melhor), a nova série é baseada "na obra de Luis Fernando Verissimo", como anunciado. A adaptação fica a cargo do talentoso Jorge Furtado (diretor do premiado curta-metragem "Ilha das Flores"). Não deixa de ser irônico. Ele é a voz média da classe média, mas sua visão é a da perplexidade. Daí vem grande parte de sua graça. Isso se manifesta em "Pais e Filhos", por exemplo. Narrado por Paulo José, foi o episódio de estréia de "Comédia da Vida Privada", exibido pela emissora na última terça-feira. Aqui, pai e mãe arquetípicos mais se espantam e tentam se adaptar do que tomam qualquer atitude frente às "modernidades" dos filhos e dos tempos. Os atores Marco Nanini e Louise Cardoso, nos papéis principais, se encaixaram à perfeição. Nanini como Wilson, o pai, está soberbo -apesar de o elenco não ser fixo, ele deve voltar em muitos dos próximos episódios. Nesta tragicomédia em cinco atos, a filha mais nova do casal (Patrícia Perrone, ótima) leva o namorado para dentro de casa, fica grávida e tem o filho -tudo num piscar de olhos. As cenas do dia-a-dia da família são entremeadas por depoimentos dos personagens. Impagáveis, especialmente os que dão conta da "primeira transa". Diz o namorado surfista (interpretado por Enrique Diaz): "A mãe dela era psicóloga. Ela não só deixava como assistia a tudo, fazendo anotações, e ainda dava um lanche no final". A certa altura, os futuros avós perguntam: "Já sabem se é menino ou menina?" Resposta: "Isso a criança vai decidir quando crescer." Único defeito inicial: algumas falas acabaram sendo literais demais, deixando evidente a sua origem. O episódio da "Terça Nobre" que deu origem a esta série -protagonizado por Debora Bloch, Fernanda Torres, Malu Mader, Tony Ramos, Paulo Betti e o próprio Nanini- foi o melhor programa exibido pela Rede Globo no ano passado. Agora que virou programa mensal, se não cair na rotina, "Comédia da Vida Privada" tem tudo para repetir o feito. Texto Anterior: Seu Boneco troca a "Escolinha" pela Manchete Próximo Texto: O melhor dos 'Trapalhões' está nos clipes Índice |
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