São Paulo, segunda-feira, 1 de maio de 1995
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Garoto e Nestlé travam doce batalha

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

A Páscoa já passou mas a maior batalha do setor de chocolate está ainda por começar.
Depois de arrebatar este ano a vice-liderança da Nestlé, a capixaba Garoto iniciou uma marcha para destronar a Lacta que ocupa, desde 1988, o posto número um.
``Nosso objetivo é ter a liderança consolidada até o ano 2.000", afirma o gerente de marketing Guilherme Nucci.
Para tanto, abriu duas frentes: vai promover lançamentos nos dois nichos que ainda não domina -candy-bar e snacks- e tentará elevar as vendas no Estado de São Paulo, o terreiro das rivais, responsável por 40% do consumo nacional de chocolates.
Num mercado em que cada ponto percentual de participação adiciona US$ 9,5 milhões ao faturamento, é natural que os fabricantes se empenhem em defender posições conquistadas.
Tanto a Nestlé como a Lacta estão investindo na ampliação de suas linhas industriais -o principal trunfo da Garoto é ostentar a maior capacidade instalada do país, que corresponde a 80 mil toneladas anuais.
Quando o mercado se aquece, como ocorreu no primeiro trimestre -as vendas cresceram 40%-, a Garoto tem mais facilidade que os concorrentes de jogar seus produtos nas prateleiras.
A Nestlé, por exemplo, investe US$ 25 milhões em novos equipamentos para expandir em 15% sua capacidade de produção.
``Estamos preocupados com o avanço da Garoto no segmento de tabletes", admite o executivo Marcelo Melchior.
Essa especialidade, que representa a expressiva fatia de um terço do mercado, era dominada pelas marcas da Nestlé até novembro do ano passado.
No bimestre fevereiro/março, o dado mais recente computado pela Nielsen, a Garoto já estava 9,2 pontos percentuais à frente da rival. É um dos nichos que a Nestlé planeja recuperar com novas variedades.
``Vamos lançar duas ou três novidades que vão agitar o mercado e desestruturar um pouco a concorrência", diz Melchior.
Ainda este semestre será dada a partida em um conjunto de máquinas importadas especialmente para esse fim.
Os lançamentos vêm sendo mantidos em sigilo, mas circulam rumores de que a empresa pretende reforçar sua presença no mercado de bombom -o formato que acomoda a maior parcela (48,1%) das vendas de chocolates.
Trata-se de um segmento em que a Nestlé vem sendo bem-sucedida. Em 1992 sua participação era de apenas 5% contra 50% da Garoto. No bimestre encerrado em março a diferença estreitou-se para 10,5 pontos percentuais.
A Garoto, que detém 36,7% das vendas aposta na caixa "Personalidades", com personagens da turma do Pernalonga. A previsão é que as 240 mil unidades mensais dobrarão até o final do ano.
Nessa disputa, as duas empresas trocam farpas, acusando-se mutuamente de conquistar fatias graças a descontos de preços.

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