São Paulo, segunda-feira, 1 de maio de 1995
Texto Anterior | Índice

Supermercado médio tira fatia de grande

SYDNEY MANZIONE JR.
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando alguém vai às compras (principalmente as mensais) já sai de casa com destino. Em geral com endereço certo, pensando naquele supermercado que oferece o melhor preço, a melhor oferta (``só até sábado!"), mais conforto, comodidade ou segurança.
Enquadra-se na descrição acima o grande supermercado, que possui grande estrutura, faz propaganda, compra volumes enormes e, por isso, vende mais barato.
Parece que o Plano Real mudou um pouco as coisas. Tanto é assim que, desde meados de 1994, os grandes supermercados, apesar de aumentarem seu faturamento significativamente, não apresentaram crescimento igual aos de outros tipos de lojas.
Refiro-me aos pequenos e médios supermercados e às lojas tradicionais, como são classificados padarias, mercearias e empórios.
Interessante é que os supermercados médios -aqueles que operam com 10 a 19 caixas- foram os que ``roubaram" a fatia do bolo dos grandes.
O censo de varejo da Nielsen apontou em 1994 a existência de aproximadamente 250 mil lojas de características ``alimentares" no país (exceto a região amazônica).
Desse total, 448 são supermercados com mais de 20 caixas, 1.114 têm de 10 a 19, 3.111 de 5 a 9 e 29.425 possuem até 4 caixas. As lojas tradicionais somam 211.263. Pois bem: as 448 grandes lojas faturam, juntas, mais do que qualquer grupo individualmente.
Para analisar a variação entre as lojas, somamos os volumes de vendas físicas de algumas categorias -sabonetes, cremes dentais, iogurtes e chocolates, por exemplo. Verificamos quanto cada tipo de loja representava das vendas do grupo ao longo dos últimos meses, concentrando os resultados por trimestre.
A conclusão é que, a partir do segundo semestre, os supermercados médios começaram a ganhar força...e os grandes a perder.
No grupo de categorias de produtos utilizado para a análise, a participação dos médios salta de 20% para 23%, enquanto a dos grandes declina de 31% para 27%.
Motivo? Uma coisa é certa: isso não ocorreu porque os preços dos médios baixaram em relação aos grandes -continuam relativamente iguais.
Uma hipótese é que, como os supermercados médios se localizam, em muitos casos, na periferia das grandes cidades, passaram a ser mais frequentados pela população de baixa renda que ingressou no consumo pós-real.
Ou será que, com a redução da inflação, a compra mensal passou a ser feita ``picada", em qualquer ponto de venda, para ``fugir das filas?" Seja como for, pelo andar da carruagem tudo indica que a soma dos supermercados médios tende a superar a dos grandes.

Texto Anterior: Avaliando agências de promoção
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.