São Paulo, terça-feira, 2 de maio de 1995
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Fã passa noite junto a jazigo

RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O gaúcho Luciano Alves Júnior, 23, chegou ao cemitério do Morumby às 10h30 de domingo e disse que só sairia às 18h de ontem.
A maratona de mais de 31 horas incluiu o pernoite no lar dos mortos.
Segundo ele, foi rezar durante a noite junto ao jazigo e sentiu a presença do piloto enquanto orava.
``Senna pediu para que não o abandonássemos, e eu estou fazendo o que ele quis", disse o professor de história de Porto Alegre.
Alves teve a permissão dos funcionários do cemitério do Morumby para permanecer ali -ele já foi lá 30 vezes.
``Venho aqui uma, duas ou três vezes ao mês", disse Alves.
``Nesses dois dias, praticamente não dormi. Queria ser o primeiro a prestar homenagem no aniversário da morte dele e consegui."
Vestido com boné, camiseta e broches do piloto, o fã exibia para os visitantes seu álbum de fotos do piloto.
Na outra mão, portava a Bíblia, lendo os trechos que Senna mais gostava.
``O Ayrton lia muito os salmos 31 e 81 e também Isaías, versículos 40 e 41", afirmou o admirador.
Sobre a união entre o piloto e a religião, Alves disse que, se Deus é rei, Ayrton Senna é príncipe.
``Acredito que existe uma força espiritual muito forte que ele tinha e continua tendo."
Alves ficou chateado que houvesse um equipamento de som tocando o tema de vitória do piloto.
``Isso aumenta ainda mais minha dor. Não é justo."
O fã destoava da maioria feminina que foi ao local, ontem.
Adolescentes e senhoras chorosas fizeram fila para rezar junto ao jazigo e passar a mão na placa de bronze com o nome e as datas de nascimento e morte do piloto.
(RB)

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