São Paulo, quarta-feira, 3 de maio de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ipea prevê déficit de US$ 2,2 bi no semestre

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O saldo negativo da balança comercial brasileira (exportações menos importações) poderá chegar no final do primeiro semestre deste ano a US$ 4,03 bilhões, de acordo com previsões do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do Ministério do Planejamento.
O número representa o pior dos quatro cenários calculados pelo Ipea para a balança comercial no período. Na melhor das hipóteses, o órgão prevê que o déficit ficará em US$ 2,21 bilhões, ligeiramente inferior aos US$ 2,33 bilhões acumulados de janeiro a março.
Os números foram divulgados no Boletim Conjuntural do Ipea de abril/95. Na Carta de Conjuntura de março/95, o Ipea previa que o país teria um saldo comercial positivo de US$ 175 milhões no primeiro semestre.
A se confirmarem as últimas previsões do Ipea, estava correta a ministra da Indústria, Comércio e Turismo, Dorothéa Werneck, primeira autoridade do governo a dizer que o déficit comercial só se reverteria no segundo semestre.
O coordenador do GAC (Grupo de Acompanhamento Conjuntural) do Ipea, Paulo Mansur Levy, disse que a disparidade entre as previsões de março e de abril foi causada pelo inesperado déficit de US$ 935 milhões na balança de março.
A expectativa dos técnicos do Ipea era de que no terceiro mês do ano já houvesse uma desaceleração das importações, causadas pelas primeiras medidas de desestímulo tomadas pelo governo, principalmente a desvalorização do real em relação ao dólar.
Apesar da revisão de expectativas, Levy disse que continua sendo possível o país alcançar um saldo positivo de US$ 5 bilhões na balança comercial em 1995. Ele disse que o número que os técnicos do Ipea consideram mais provável para o primeiro semestre é US$ 2,21 bilhões de déficit, o que já refletiria uma inversão da balança a partir de junho.
Mas para que o resultado positivo seja alcançado, Levy afirma que será necessário o governo encontrar uma forma de frear o ritmo de crescimento da economia.
Com base nos números de março, o Ipea reviu sua previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, que mede o valor total dos bens e serviços produzidos no país) para este ano, de 5% para 5,6%.
Paulo Mansur Levy disse que a este ritmo de crescimento não será possível obter o saldo comercial de US$ 5 bilhões. O crescimento econômico teria que ficar em torno de 3% este ano para que o Plano Real não enfrente maiores problemas. Mas o que o Ipea considera realmente vital para a sobrevivência do plano é a aprovação das reformas estruturais.

Texto Anterior: Governo restringe importação em Manaus
Próximo Texto: Feira de eletrônicos deve gerar US$ 2,8 bi
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.