São Paulo, quarta-feira, 3 de maio de 1995 |
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Decadência
THALES DE MENEZES O torneio de Wimbledon é o maior acontecimento do tênis mundial. Nenhum outro evento do tênis consegue a mesma divulgação na imprensa. Muita gente que não acompanha o esporte deve pensar até que se trata do campeonato mundial das raquetes.A lembrança da importância que Wimbledon tem há mais de um século no tênis é, na verdade, ponto de partida para uma outra discussão bastante interessante. Pergunta: Se o maior torneio de tênis do planeta é disputado todos os anos na Inglaterra, onde estão os grandes tenistas britânicos? Resposta: Só Deus sabe. Há algumas semanas esta coluna questionou o fraco desempenho do Brasil nas últimas edições da Copa Davis. Uma revolução na infra-estrutura tenística existente no país foi cobrada dos envolvidos no esporte no país. Agora, para ser franco, o Brasil é uma potência no tênis comparado com a Grã-Bretanha. Respondendo à pergunta acima, dá para saber onde estão os melhores tenistas britânicos. Ou, pelo menos, dá para saber onde estavam no último fim-de-semana. Estavam em Bratislava. A equipe das terras da rainha Elizabeth foi trucidada pela Eslováquia na primeira rodada do inexpressivo Grupo 2 da Zona Euro-África da Copa Davis, uma espécie de quarta divisão do tênis mundial. Os ingleses Tim Henman (quem é esse?) e Mile MacLagan (e esse?) não venceram nenhum set nos jogos contra os eslovacos Karol Kucera e Jan Kroslak. O placar de 5 a 0 não abre espaço para nenhuma apelação. Segundo os jornalistas ingleses, não há explicações para a ausência de bons tenistas no país nas últimas três décadas. E olhe que eles não estão falando de um ``top 10". Um jogador ``top 100" já estava muito bom. O último foi o facilmente esquecível Jeremy Bates, que surgiu nos anos 70. Nunca ficou entre os 40 primeiros do ranking, nunca venceu um torneio que preste, mas a imprensa tentou de tudo para promover o rapaz. Não deu. Até que no feminino o último momento de glória não está tão longe. Foi em 1977, quando Virginia Wade ganhou a centésima edição de Wimbledon, numa festa especial da torcida local. Depois, nada. A loirinha insossa Sue Baker foi apenas fogo de palha. Na Inglaterra há infra-estrutura e dinheiro. Há o prestígio sempre inabalável de Wimbledon. Há uma infinidade de torneios para juvenis. Só falta talento. Texto Anterior: Palmeiras, não entre em pânico... ainda Próximo Texto: Notas Índice |
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