São Paulo, quarta-feira, 3 de maio de 1995
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Dor é digna em 'Pé Esquerdo'

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Todo filme, a rigor, depende do estado de espírito de seus espectadores. ``Meu Pé Esquerdo" (Globo, 0h) não escapa a essa regra, mas por duas ou três razões tende a acentuá-las.
A autobiografia do artista e escritor irlandês Christy Brown (Daniel Day-Lewis), em que o filme se baseia, diz respeito a alguém que, atingido por paralisia cerebral na infância, consegue superar sua deficiência com determinação incomum.
É verdade que o filme de Jim Sheridan escapa às facilidades do gênero e que é valorizado por interpretações como as de Day-Lewis e Brenda Ficker (respectivamente, Oscar de melhor ator e de melhor atriz coadjuvante de 1989).
Mas, por alguma razão, podemos, na TV, até preferir um bom telefilme recheado de clichês. Esses telefilmes são feitos no tapa, em pouquíssimo tempo, com recursos limitados.
Mas ver um filme na TV comporta uma parte de descompromisso. Às vezes, a gente fica duas horas na frente do aparelho não porque o filme seja bom, mas, ao contrário, pela simples curiosidade de saber aonde vai dar aquela besteirada toda.
Pelas mesmas razões, um trabalho mais elaborado (doloroso, como no caso) nos induz não raro a trocar de canal no primeiro intervalo. Mas isso não diz respeito ao filme. Por hoje, ``Meu Pé Esquerdo" é a melhor opção, ainda que não raro dolorosa.
(IA)

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