São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 1995
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Estoques de combustível só duram 6 dias

DA SUCURSAL DO RIO; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Estoques de combustível só duram 6 dias
Líderes dos partidos no Congresso Nacional montam esquema para negociar uma saída para a paralisação
Os estoques de gasolina e óleo diesel (combustível dos caminhões) em poder das empresa de distribuição desses produtos são suficientes para apenas seis dias de consumo.
A informação é do coordenador de Suprimentos do Sindicom (Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis), João Augusto Rezende. Segundo ele, o óleo combustível, que alimenta as indústrias, e o QAV (querosene de aviação) são suficientes para apenas quatro dias de consumo.
Normalmente, as distribuidoras mantêm estoques médios para entre dez e 12 dias de consumo. As empresas filiadas ao Sindicom não distribuem GLP (gás de cozinha), produto que não é classificado tecnicamente como combustível.
A Folha apurou que o Planalto ainda estuda a possibilidade de racionamento, caso a greve continue.
João Augusto Rezende, que é diretor da BR (Petrobrás Distribuidora), empresa controlada pela Petrobrás, disse que as empresas de distribuição já começam a discutir como será feita a priorização de clientes em caso de racionamento.
Neste caso, os primeiros que deixarão de receber o produto são os revendedores conhecidos no mercado como ``retalhistas", responsáveis pelo abastecimento de grande parte das propriedades rurais e vilarejos do interior do país.
Rezende disse que se a Petrobrás parar o bombeamento de produtos, haverá o colapso no abastecimento já na próxima semana.
Segundo Sílvio Tomé, da Texaco e subcoordenador de suprimentos do Sindicom, por enquanto só houve redução de bombeamento na área de refinaria de Paulínia (SP), onde as quantidades bombeadas caíram cerca de 40%.
Tomé disse que as distribuidoras estão preocupadas com o fato de a Petrobrás não estar dando informações às distribuidoras sobre seus estoques.
Negociação
Os líderes dos partidos no Congresso montaram esquema de negociação para resolver o impasse da greve dos petroleiros com o governo.
Parlamentares dos PMDB, PFL e PSDB serão os interlocutores do Palácio do Planalto e os deputados da oposição (PT e PC do B) negociarão com os grevistas.
Ontem, o líder do PFL na Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE), articulou com os parlamentares uma pauta mínima para ser discutida com o governo e trabalhadores.
Pela manhã, o líder do governo na Câmara, deputado Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), conversou com o presidente Fernando Henrique Cardoso e discutiu a idéia da comissão de líderes. FHC avalizou a proposta.
O presidente disse ao parlamentar que mantém a decisão de negociar somente com o fim da greve. A Folha apurou que FHC está decidido a não ceder às pressões e também não aceita conversar com partidos da oposição.
Ele não abre mão das demissões feitas pela Petrobrás. No caso de uma negociação, ele quer separar as demissões da discussão das reivindicações dos petroleiros.
Os petroleiros mobilizaram ontem outras lideranças para intermediar uma discussão com o governo. O presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, alguns parlamentares do partido e o presidente da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Antônio Carlos Spis, procuraram o presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), que se comprometeu a discutir o assunto com FHC.

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