São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 1995
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Ex-cassado assume presidência do STF

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O novo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Sepúlveda Pertence, 57, tomou posse ontem prometendo não deixar sem resposta as críticas ao Judiciário.
Ele cobrou do Congresso Nacional a regulamentação de dispositivos constitucionais como forma de solucionar os problemas enfrentados pela Justiça.
``É preciso reagir (às críticas) e sem tardança. Não, porém, com os excessos de susceptibilidade dos que se pretendem intocáveis, que, na vida pública, a democracia aborrece, e constituem apenas uma forma a mais de autoritarismo", disse Pertence, que substitui o ministro Octávio Gallotti.
O recado foi dado na presença do presidente Fernando Henrique Cardoso e do presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP).
O discurso de Sepúlveda Pertence foi reforçado pela fala do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Carlos Velloso, que também defendeu o Judiciário. A cerimônia de posse começou pontualmente às 17h.
Dificuldades
Pertence reconheceu que há dificuldades, mas alertou que seria leviano atribuir à magistratura a responsabilidade por elas.
``Grande parte dos problemas fundamentais do Judiciário depende da decisão dos poderes políticos, particularmente, de medidas legislativas imprescindíveis e urgentes", afirmou.
O ministro citou como exemplo a demora na aprovação da lei que disciplina os juizados especiais, criados pela Constituição de 1988, que poderiam evitar o congestionamento e a lentidão das estruturas judiciais.
O outro projeto que ainda espera decisão do Congresso é o do Estatuto da Magistratura.
``Sua aprovação (do Estatuto da Magistratura) instituiria o Conselho Nacional de Administração da Justiça, ensaio inicial de um órgão central de administração superior, controle e formulação das políticas básicas de aperfeiçoamento do Judiciário", sustentou.
``Há um ponto fora da discussão possível para nós: o da independência do Poder Judiciário", afirmou. E completou:``A resistência da magistratura decorre aí do seu compromisso democrático".
Cassado
Vinte e seis anos depois de ser cassado pelo regime militar, por meio do AI-5 (Ato Institucional nº 5), Pertence alertou: ``Se é certo que onde faltar a democracia não há Justiça que mereça o nome, também é verdade que não haverá democracia onde faltar tribunais independentes para contrariar as injunções da maioria política da conjuntura do dia".

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