São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 1995 |
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Brizola quer reação militar contra reformas
EMANUEL NERI
``Se não houver reação civil, vai haver reação militar", disse, ao falar das dificuldades da oposição para barrar o processo de privatização. ``Eles (governo e Congresso) estão brincando com fogo, estão indo muito longe". O presidente do PDT esteve em Brasília para participar, ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva e Miguel Arraes (governador de Pernambuco), do lançamento de um movimento ``em defesa da soberania nacional". Gesticulando muito e falando alto, Brizola disse mais de uma vez que apoiava uma ação militar contra as privatizações. ``Eu apóio todos que fiquem contra isso aí, contra a entrega e a venda vergonhosa do país". ``Estamos em plena ditadura econômica. Tivemos uma ditadura político-militar que durou 20 anos. E, agora, ingressamos na ditadura econômica", disse, ao afirmar que considera ``positiva" uma ação militar contra as privatizações. As declarações de Brizola causaram mal-estar em outros setores contrários às reformas. Presidente do maior partido de oposição, Lula não gostou da pregação militarista. O petista disse que só defende intervenção militar em caso de invasão do país por ``inimigos externos". ``No caso das privatizações, a sociedade civil é que deve assumir as responsabilidades pelo destino do país". A reação de Brizola foi uma resposta a uma análise do presidente do PT de que a oposição não tem nenhuma condição de impedir a reforma constitucional. Ao defender a ação militar, Brizola comparou o atual momento ao que provocou a derrubada da monarquia pelos militares, em 1889. Segundo Brizola, a intervenção militar contra a monarquia fez ``história construtiva" e contribuiu para que o país caminhasse ``positivamente". ``Bem-vinda a intervenção militar que fez a República", declarou. ``Não estou aqui expressando pensamento de ninguém. Mas, se não houver reação civil, vai haver reação militar. Escrevam o que o Leonel Brizola está dizendo neste momento", disse. Brizola afirmou que sua pregação favorável à intervenção militar não põe em risco a democracia. ``Risco para a democracia é o que estão fazendo, capaz de provocar reações por toda parte". Para ele, o presidente Fernando Henrique Cardoso e o Congresso estão entregando o país à ``pirataria internacional". Disse que FHC está ``usurpando a nação", pois não afirmou em sua campanha eleitoral que privatizaria a Petrobrás. O presidente do PDT defendeu também a realização de um plebiscito para saber se a população concorda ou não com a venda de empresas estatais. Texto Anterior: Emenda pode passar em 20 dias Próximo Texto: Governo quer vender Vale até junho de 96 Índice |
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