São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 1995
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Moradores contestam projeto

DA REPORTAGEM LOCAL

Os moradores do Pacaembu são contra a transferência da administração do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho para a iniciativa privada.
Dentro de dez dias, conforme a Folha revelou ontem com exclusividade, o prefeito Paulo Maluf vai enviar um projeto de lei à Câmara propondo que o controle sobre o estádio passe para o setor privado.
``O uso intensivo do Pacaembu irá descaracterizar as cercanias do estádio, o que assanharia alguns membros da Câmara a propor alteração do zoneamento para deleite de comerciantes e empreiteiras", disse Sant'Anna.
O secretário municipal do Planejamento, Roberto Paulo Richter, disse que a prefeitura mantém a decisão de enviar o projeto.
``O foro apropriado para o debate é o Legislativo", afirmou.
O vereador Dalmo Pessoa (PMDB) defende a constituição de uma fundação para gerir o estádio.
Para ele, esta é a forma mais indicada de impedir que o futebol seja preterido pelos shows.
No início deste ano, o gramado foi danificado pela platéia dos shows dos Rollings Stones.
O projeto da prefeitura prevê a realização de uma concorrência para escolher a empresa que vai administrar o Pacaembu nos próximos 40 anos.
Vence a concorrência quem oferecer a maior remuneração para a prefeitura em troca da exploração comercial do estádio.
O administrador do Pacaembu -que poderá ser uma empresa ou um clube- terá de realizar pelo menos duas partidas de futebol por mês, por obrigação contratual.
Esta cláusula existe para evitar, na visão do secretário Roberto Richter, que o vencedor da concorrência descaracterize a utilização do Pacaembu, promovendo outros eventos como o show dos Rolling Stones. Segundo Ritcher, o Pacaembu é ``o principal estádio de futebol da cidade".
O secretário, entretanto, não descarta a utilização do estádio em outros eventos além do futebol, como shows e outros esportes.
A secretaria fez um estudo de viabilidade econômica do Pacaembu. Nos últimos cinco anos, o estádio deu um déficit anual de US$ 2 milhões.
Uma das maneiras de elevar a arrecadação, segundo Richter, seria a construção de um estacionamento de 3.000 vagas sob o estádio. A responsabilidade do investimento caberá ao vencedor da concorrência.
``Isto também melhoraria a situação dos moradores do bairro, porque os carros não estacionariam em suas portas", declarou Richter.

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