São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 1995
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Remake de 'O Beijo da Morte' é frouxo

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

Remake de `O Beijo da Morte' é frouxo
Filme: O Beijo da Morte
Direção: Barbet Schroeder
Elenco: David Caruso, Samuel L. Jackson, Nicolas Cage
Estréia: hoje nos cines Astor, Eldorado 5, Morumbi 3 e Marabá

A versão original de ``O Beijo da Morte", um policial noir dirigido em 1947 por Henry Hathaway, revelou Richard Widmark como um gângster violento e valeu a Victor Mature uma de suas raras performances elogiadas, como um fracassado incorrigível.
O irregular Barbet Schroeder, capaz de oscilar entre a contundência de ``O Reverso da Fortuna" e a incredibilidade de ``Mulher Solteira Procura", assina agora a direção deste ``remake", que estréia hoje em São Paulo e passa na próxima semana em Cannes como ``hors concours" dentro do programa oficial. A frouxidão do resultado lembra seus piores dias.
``O Beijo da Morte" começa a descarrilhar já na seleção do elenco. Nicolas Cage (``O Feitiço da Lua") não foi física ou dramaticamente dotado para investir-se do papel de Little Junior Brown, um perturbado criminoso que se prepara para herdar o império do pai. Muito da tensão se esvai já em sua primeira cena, desequilibrando de saída a polaridade típica dos policiais ``noir".
Desperdiça-se assim todo o esforço do eficiente David Caruso, que do sucesso na telessérie ``Nova York Contra o Crime" parte agora para o estrelato como protagonista de ``Jade", o novo drama romântico escrito por Joe Eszterhas (``Instinto Selvagem").
A estranha máscara facial de Caruso parece ter resultado de uma destas composições em computador dos rostos de Mickey Rooney e James Cagney. Nada mais adequado para o personagem que herdou de Mature, Jimmy Kilmartin, um ladrão de pequenos golpes condenando ao insucesso.
Depois da primeira prisão mais longa, Kilmartin tenta se regenerar mas seu bom-mocismo leva-o a nova queda e a outra e assim sucessivamente, não sem alguma ajuda do chefete em botão. ``O Beijo da Morte" na versão Schroeder arrasta a crônica desta recuperação adiada.
A burocrática refilmagem desperdiça o talento do roteirista Richard Price (``A Cor do Dinheiro"), especializado no submundo contemporâneo de Nova York. Price atualizou a trama criada pelos mestres Ben Hecht e Charles Lederer. Não a tornou muito complexa mas poderia render mais na mão de um diretor de maior pegada e de um vilão algo magnético.

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