São Paulo, sábado, 20 de maio de 1995
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Diane Keaton faz festival chorar como diretora

ALMIR LABAKI
DO ENVIADO ESPECIAL A CANNES

``Unstrung Heroes", exibido anteontem e ontem na mostra paralela ``Un Certain Regard" (Um Certo Olhar), levou Cannes às lágrimas.
Essa simpática e nem tão apelativa tragicomédia familiar, que será distribuída no Brasil pela Columbia TriStar, traz a assinatura de ninguém menos que Diane Keaton, musa de Woody Allen.
É seu segundo longa-metragem (``Heaven", 1987, disponível em video) e o primeiro de ficção.
Tudo se passa numa casa de classe média nova-iorquina dos anos 60. Sid Lidz, o pai (John Turturro, soberbo), é um compulsivo inventor. Selma, a delicada mãe, é interpretada por Andie MacDowell -e nada mais é preciso dizer para definir o personagem. Seus filhos, Stephen e Sandy, sofrem um pouco com as idiossincrasias paternas, mas são crianças felizes.
Judaísmo
Uma pequena sombra paira sobre o lar harmônico: os perturbados e pobretões irmãos de Sid, agarrados neuroticamente ao judaísmo, renegado pelo ultra-racionalismo do cientista de quintal.
Esse pequeno problema de família vai ser logo catapultado a solução quando um fantasma muito mais concreto atinge o lar dos Lidz. Adie-se um pouco o desenlace de ``Amor sem Fim" e chegamos perto do enredo -mas não do estilo.
Apelo
Keaton mantém ``Unstrung Heroes" sob controle cerrado, preferindo o humor ao pietismo e narrando sua história com impressionante fluência. O apelo emocional próprio do gênero impera no fim, mas é breve, tenso e digno.
Passada a hora e meia de projeção, acaba sendo agradável termos convivido com os triunfos e traumas dos Lidz. Diane Keaton virou mesmo cineasta.
(ALk)

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