São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 1995 |
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FHC diz que seu governo 'acaba' se ceder à pressão
GILBERTO DIMENSTEIN; VALDO CRUZ Presidente teme ficar refém das estatais pelo restante de seu mandatoGILBERTO DIMENSTEIN Diretor da Sucursal de Brasília VALDO CRUZ Secretário de Redação da Sucursal de Brasília Em tom de desabafo, o presidente Fernando Henrique Cardoso comentou com um auxiliar, neste fim-de-semana, que se ceder às pressões dos petroleiros o seu governo acaba. O comentário, feito no Palácio da Alvorada, mostra como o presidente encara a queda-de-braço com os grevistas, que hoje completa 21 dias de paralisação. FHC avalia que se recuar diante das pressões dos petroleiros, ele passará o resto de seu mandato -três anos e meio, ou seja, a maior parte de sua administração- refém de funcionários públicos e de estatais. O presidente acredita que outros setores da sociedade, como os empresários e governadores, enxergariam o episódio como uma fraqueza de seu governo. E, com isso, passariam também a pressioná-lo. Para justificar sua posição inflexível, FHC faz questão de lembrar que o TST julgou a greve abusiva. Em sua opinião, os grevistas não têm outra alternativa a não ser a volta ao trabalho. FHC recebeu uma avaliação da Petrobrás de que os grevistas não aguentam mais 20 dias de paralisação, porque a empresa não vai pagar os dias parados no dia 25. E, ainda segundo a informação da Petrobrás, o seu estoque de combustível seria suficiente para atender a população neste período. Auxiliares de FHC também já estudam a redação de um pronunciamento presidencial em cadeia nacional de rádio e TV, caso o governo seja obrigado a adotar o racionamento de combustível. Em sua fala, o presidente procuraria transferir a responsabilidade pela adoção do racionamento para os grevistas. Segundo seus assessores, FHC diria à população que foi obrigado a racionar combustível devido a uma greve ilegal. O Ministério das Minas e Energia descarta, por enquanto, um racionamento. O ministro Raimundo Brito aposta na importação para suprir o mercado interno. O governo vê pelo menos um lado positivo. A paralisação deve ajudar o governo a aprovar a emenda constitucional que quebra o monopólio do petróleo. A proposta de FHC deve ser votada em primeiro turno no plenário da Câmara no dia seis de junho. A votação em segundo turno ocorreria no dia 14 do próximo mês. Líderes do governo chegaram a avaliar a hipótese de votar a emenda do petróleo em primeiro turno apenas no dia 14 de junho. Texto Anterior: O número do papa Próximo Texto: Itamar não assinou documento do acordo Índice |
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