São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 1995
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Líderes governistas iniciam ofensiva contra juros altos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os líderes dos partidos governistas iniciam hoje uma ofensiva para pressionar o BC (Banco Central) a reduzir suas taxas de juros.
Pela manhã, o assunto será tratado com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Em seguida, haverá almoço dos líderes com o presidente do Banco Central, Pérsio Arida.
``O próprio presidente reconhece que os juros são excessivos", disse ontem o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), um dos articuladores do encontro com FHC.
Vão participar do encontro com o presidente também os líderes na Câmara do PSDB, José Aníbal (SP) e do PMDB, Michel Temer (SP).
Inocêncio e os demais líderes pretendem conseguir do governo um compromisso de redução gradual das taxas praticadas pelo Banco Central.
Eles também querem conhecer os indicadores econômicos que são utilizados pelo Banco Central para manter as taxas de juros elevadas.
Na semana passada, Pérsio Arida justificou a política de juros argumentando que a economia continua excessivamente aquecida, mas não revelou os dados para tal avaliação -os números, disse, são ``sigilosos".
``Tenho certeza que o BC mesmo vai nos apresentar as estatísticas", disse o líder do governo na Câmara, Germano Rigotto (PMDB-RS) que, junto com os líderes dos partidos governistas na Câmara, almoçará com Arida hoje.
Argumentos
Declarações recentes do presidente Fernando Henrique e dos membros da equipe econômica serão utilizadas pelos políticos na pressão pela queda das taxas de juros.
A principal: em viagem ao Nordeste, na semana passada, FHC chamou as taxas de ``escorchantes (abusivas, criminosas)".
Também serão exploradas as promessas dos ministros Pedro Malan (Fazenda) e José Serra (Planejamento) de que os juros poderiam cair se o nível de consumo na economia caísse e a balança comercial voltasse a registrar superávit.
Segundo Rigotto, ``o consumo está menor, a balança comercial será positiva este mês, o capital externo voltou ao país e a inflação está em queda". ``Está na hora de baixar esses juros", complementa Inocêncio.
Michel Temer, líder do PMDB, disse ontem que a bancada de seu partido se reunirá pela manhã com ``cerca de 80 a 100 prefeitos" que estarão em Brasília para pedir a queda dos juros.

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