São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 1995
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China aperta cerco contra dissidentes

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Pelo menos dez ativistas pró-democracia já foram presos ou desapareceram desde a semana passada, quando a China deslanchou ofensiva para impedir manifestações no sexto aniversário do massacre de Tiananmen (praça da Paz Celestial).
A 4 de junho de 1989, tropas do governo reprimiram com violência protestos promovidos por estudantes acampados na praça Tiananmen, centro de Pequim.
As estimativas sobre número de mortos variam entre 200 e 1.000.
Quando se aproxima o aniversário do massacre, o Partido Comunista aperta o cerco contra os dissidentes. Estes aproveitam a chegada da data para enviar cartas ao governo exigindo democracia.
No domingo, foi preso Wang Dan, 25, um dos principais líderes do movimento estudantil de 1989. Depois do massacre, ficou quatro anos detido e passou a viver em Pequim, sob vigilância da polícia.
Anteontem, também foram presos Yang Kuanxing e Liu Nianchun. Na semana passada, a polícia prendeu Liu Xiaobo, Wang Xizhe e Huang Xiang. Estão desaparecidos Chen Xiaoping, Liao Yiwu, Deng Huanwu e Liu Yong.
Os desaparecidos provavelmente serão libertados depois do dia 4. Em outros anos, dissidentes foram levados a hotéis fora de Pequim para impedir que participassem de atividades contra o governo.
A polícia continua a vigiar mulheres de dissidentes presos. É o caso de Zhang Fengying, casada com Reu Wanding, que está preso por sua militância a favor dos direitos humanos.
Na semana passada, dois manifestos exigindo democracia foram enviados ao governo. Wang Dan aparece entre os signatários desses documentos.
Um dos manifestos é uma petição pela liberdade assinada por 45 intelectuais, que pede a libertação de todos os prisioneiros envolvidos nas manifestações da praça da Paz Celestial.
O outro é uma carta endereçada ao Parlamento chinês escrita por 50 dissidentes do governo.
Não houve resposta do governo às cartas. Apenas medidas de segurança foram tomadas, como a chegada a Pequim de reforço policial e o conserto de câmeras que vigiam a praça Tiananmen.
No poder desde 1949, o Partido Comunista não abre mão de seu monopólio na vida política. Enquanto reprime com vigor a pequena comunidade dissidente, liberaliza a economia com introdução de reformas pró-capitalismo.

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