São Paulo, sábado, 27 de maio de 1995
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PSDB não tem como punir os rebeldes, mas quer pressioná-los

CARLOS EDUARDO ALVES
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A cúpula do PSDB não tem como punir a desobediência de parte de sua bancada na votação da emenda que quebra o monopólio estatal nas telecomunicações.
O ministro Sérgio Motta (Comunicações) chegou a sugerir, em conversas com outros líderes tucanos, algum tipo de advertência aos deputados que não seguiram a orientação do partido. Ocorre que a defesa dos monopólios estatais consta do programa do PSDB.
No limite, uma eventual punição aos oito tucanos que votaram pela permanência do monopólio estatal esbarraria na Justiça, caso houvesse um recurso dos punidos.
O líder da bancada na Câmara, José Anibal (PSDB-SP), disse ser contra o processo de caça às bruxas e disse que o programa partidário foi superado pela realidade.
``O programa tem várias coisas incompatíveis com a reforma do Estado", afirmou Anibal. Com o caminho da punição fechado, resta a Motta e ao setor mais duro da cúpula tucana a pressão política.
Parte da bancada do partido se considera excluída do poder. ``Alguns deputados estão nos mostrando a necessidade de implementar a participação no governo", declarou Ubiratan Aguiar (CE), vice-líder tucano na Câmara.
A fatia de poder da bancada será ampliada, mas Anibal e o Planalto desfecham na próxima semana uma ofensiva sobre os rebeldes.
O objetivo é evitar, na votação sobre petróleo, o constrangimento de expor o partido do presidente como dividido em temas considerados fundamentais por FHC.
Na disputa por espaço no governo, o PFL pode cobrar a adesão total de seus votos na Câmara na votação das telecomunicações. Esse é mais um fator de constrangimento para o PSDB.

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