São Paulo, sábado, 27 de maio de 1995 |
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Empresas deixam de pagar impostos
FERNANDO CANZIAN
``Deixamos de pagar impostos para contornar uma situação de forte diminuição nos negócios e no caixa das empresas", diz Carlos Eduardo Uchôa Fagundes, diretor do Departamento da Micro, Pequena e Média Indústria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). ``Além de não pagar, as empresas estão aumentando a sonegação por uma questão de sobrevivência", diz Joseph Couri, presidente do Simpi (que reúne 5.000 das 110 mil micro e pequenas empresas do Estado). Só os pequenos e médios empresários respondem por 8% da arrecadação do Estado de São Paulo. A Secretaria da Fazenda estadual prevê diminuição na receita com impostos a partir de junho. Outros indicadores já apontam esta tendência. Em maio, por exemplo, caiu 20% a arrecadação do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) sobre automóveis novos. ``É um indicador quentíssimo da queda na atividade", diz Clóvis Panzarini, coordenador de Política Tributária. Segundo o Simpi, 47% dos micro e pequenos empresários estão endividados, pagando juros de até 18% ao mês nas suas dívidas. A Fazenda paulista reconhece que as multas (de 5% a 30%) e o juro (de 1% ao mês) cobrado sobre impostos em atraso pode estimular o calote. A multa máxima, de 30%, só ocorre em caso de ajuizamento da dívida e a cobrança pode levar mais de três meses. ``O calote das empresas nos impostos deve ser generalizado este mês", prevê o consultor Antoninho Marmo Trevisan, da Trevisan & Associados. Em qualquer caso, diz, a prioridade das empresas é pagar salários e fornecedores. ``É infalível: o imposto é o último da lista", afirma. Próximo Texto: Greve e calotes afetam Estado Índice |
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