São Paulo, sábado, 27 de maio de 1995
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Presidente da multinacional nega acusações

SILVANA QUAGLIO; CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da multinacional norte-americana Philip Morris, Richard Sucre, antecipou para ontem sua volta dos EUA (programada para segunda-feira) para negar que tenha fugido do país.
``Não cometemos nenhuma ilegalidade, não tenho porque fugir", afirmou em entrevista concedida ontem na sede da empresa, em Santo Amaro (zona sul de São Paulo).
Sucre teve prisão preventiva pedida anteontem pelo promotor Marco Antônio Ferreira Lima -sob acusação de constrangimento, manutenção de cárcere privado e escuta telefônica ilegal.
A acusação foi feita por três ex-executivos, que registraram queixa contra a empresa em 3 de maio. ``As denúncias contra Sucre e seis diretores foram pedidas porque o inquérito policial revelou provas materiais irrefutáveis", afirmou o promotor Marco Lima.
Dizendo desconhecer a expedição da prisão preventiva, Sucre afirmou que sua viagem a Nova York estava agendada havia três meses. A reunião na sede nos EUA acontece duas vezes por ano e serve para que os responsáveis por áreas no exterior apresentem informações sobre suas operações.
Segundo Sucre, nesta reunião a Philip Morris decidiu investir mais US$ 40 milhões no Brasil. A este montante somam-se outros US$ 100 milhões em novos investimentos já programados para 1995.
Mesmo assim, Sucre deixou pendente no Brasil um problema judicial. A Philip Morris demitiu três de seus executivos entre os meses de fevereiro e março.
Em seguida, a multinacional obteve autorização judicial para interceptar ligações telefônicas (gravar conversas através de escuta) em duas linhas diretas e quatro ramais da empresa Q-Refres-ko (subsidiária da Philip Morris).
Segundo a Philip Morris, a Telesp (Companhia Telefônica do Estado de São Paulo) não instala escuta em ramais internos, por isso contratou, através de seu advogado Cyro Kusano, os serviços do investigador particular, Francisco Assis Barros.
Barros, assistido por outro investigador, Valdir Matias dos Santos, ``grampeou" os telefones permitidos pela Justiça, segundo a empresa, e também os da residência dos três ex-executivos.
Segundo outro advogado da multinacional, Tales Castelo Branco, a extensão dos grampos para telefones não autorizados tem de ser esclarecida pelos investigadores, já que a empresa desconhecia a existência deles.
O caso só veio à tona com a prisão de Valdir dos Santos, que extorquiu os executivos em R$ 14 mil para entregar-lhes 50 fitas com suas conversas particulares.
Os três ex-executivos da Philip Morris montaram a General Brands Comércio de Alimentos para concorrer com a Q-Refres-Ko.
Ocupando altos postos na Philip Morris, os três tinham acesso a informações confidenciais.

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