São Paulo, sábado, 27 de maio de 1995
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Ateliê expõe tecidos de criadores japoneses

ANDRÉA FORNES
EDITORA DE EXTERIOR E CIÊNCIA

Em japonês, ``nuno" (pronuncia-se nunô) quer dizer tecido. Foi o nome escolhido por criadores do Japão para o grupo que desenvolve tendências na área têxtil.
A partir de hoje, o ateliê de Renato Imbroisi, em Pinheiros (São Paulo), estará expondo amostras de trabalhos do Nuno.
São 150 peças em 18 tipos diferentes de tecidos. Elas foram trazidos ao Brasil por Mayumi Ito, 34, que vive há nove anos no Japão.
As criações podem ser encontradas na forma de pedaços de pano (com medida de três metros cada), echarpes, camisas, saias e bolsas. Todas as peças estarão à venda.
Desde a sua formação em 1984, o Nuno já produziu mais de 1.200 tecidos. Alguns deles foram utilizados por criadores como o japonês Issey Miyake.
Entre os tecidos selecionados para serem expostos no Brasil, há preciosidades como o ``Feather Flurries", que combina organza de seda com penas de galinha da guiné, pavão ou ganso.
As penas, importadas da China e da Índia, ficam dentro de bolsos entre duas camadas transparentes do tecido. As echarpes confeccionadas a partir desse tecido, encontradas nas cores preta, branca e marrom, custam R$ 180,00.
``O trabalho do Nuno combina artesanato e tecnologia", diz Mayumi, organizadora do projeto 1 + 1 Intercâmbio Cultural (entre Brasil e Japão).
No início deste ano, a arquiteta e artista gráfica montou em Tóquio uma mostra com os tecidos feitos à mão de Renato Imbroisi.
Em outubro, dando continuidade ao intercâmbio, deve trazer a arte do ``washi", o papel japonês.
Os eventos acontecem paralelamente às comemorações do centenário Brasil-Japão, que marca a assinatura do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre os dois países.
A técnica empregada pelo grupo utiliza de fios de alumínio a algodão de fibras de banana de Okinawa (ilha ao sul do país) na produção dos tecidos, bastante originais.
O ``Agitfab", por exemplo, tem como base o poliéster organdi, sobre a qual são aplicados, com tratamento de laminação plástica, retalhos de jornal de 20 países, entre eles Tailândia, China e Brasil. O metro do tecido custa R$ 233,38.
Segundo Mayumi, o Nuno baseou sua produção em Kiryu, cidade a noroeste de Tóquio com tradição na indústria têxtil.
``Eles recuperaram e valorizaram um antigo centro de tecelagem empregando os moradores, que já trabalhavam nessa área".
Junichi Arai, designer têxtil que fundou o Nuno juntamente com Reiko Sudo, pertence a uma família de tecelões.
Com a saída de Arai, é Sudo que lidera hoje os oito membros do grupo japonês. A loja do Nuno em Tóquio fica no subsolo do Axis, elegante complexo de decoração no bairro de Roppongi, um dos mais movimentados da cidade.

Mostra: Nuno - Tecido Contemporâneo do Japão
Onde: Ateliê Renato Imbroisi (r. Pinheiros, 382, tel. 011/282-9161)
Quando: abertura hoje, às 10h; até 3 de junho; de segunda a sexta, das 9h às 19h, sábados, das 9h às 18h

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