São Paulo, sábado, 27 de maio de 1995
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Rússia aceita intervenção

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente russo, Boris Ieltsin, afirmou ontem que pode intervir no conflito na Bósnia caso a Otan cesse os ataques a posições sérvias no país.
A declaração foi uma resposta ao pedido feito pelos países que integram o Grupo de Contato para que a Rússia utilize sua tradicional amizade com os sérvios para influir no fim dos conflitos.
O Grupo de Contato reúne diplomatas russos, norte-americanos, franceses, britânicos e alemães com o objetivo de mediar a paz na ex-Iugoslávia.
A Rússia foi o único país do grupo a pedir o fim dos bombardeios da Otan, mas com a escalada da violência dos sérvios bósnios -que mataram mais de 70 civis em Tuzla como represália aos ataques da Otan-, houve uma flexibilização de sua posição.
O chanceler alemão, Helmut Kohl, se encontrou ontem com o premiê britânico John Major. Eles condenaram o fato de a Otan não ter consultado a Rússia sobre o ataque aos sérvios em Pale.
Ambos reforçaram o pedido feito pelo presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, para que a Rússia converssasse com os sérvios devido à proximidade étnica dos dois povos eslavos.
Na Sérvia, o governo de Slobodan Milosevic, próximo da Rússia, reagiu de forma surpreendente aos ataques da Otan ontem.
Ele condenou os bombardeios, mas abandonou o discurso radical pró-sérvios bósnios e disse estar preocupado com a situação do país vizinho.
A declaração enfraquece a posição do líder sérvio na Bósnia, Radovan Karadzic.
O primeiro-ministro francês, Alain Juppé, disse temer pelo destino de soldados de seu país integrantes das forças das Nações Unidas na Bósnia.

Jirinovski
O líder ultranacionalista russo Vladimir Jirinovski sugeriu ontem que a Rússia venda armas antiaéreas para os rebeldes sérvios na Bósnia se defenderem dos bombardeios da Otan.
Jirinovski, conhecido por suas posições antiocidentais, disse que os bombardeios são "crimes".

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