São Paulo, sábado, 27 de maio de 1995
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Diplomata de Angola pede auxílio ao Brasil

AUGUSTO GAZIR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diplomata angolano Alcides Sakala, 42, está no Brasil esta semana para discutir com o governo brasileiro o processo de paz em Angola e a cooperação econômica entre os dois países.
``Discutimos com o governo em que áreas pode haver logo a cooperação para trazermos nossa juventude da geração da guerra ao sistema social angolano", disse.
A Unita (União Nacional para a Libertação Total de Angola) e o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) travaram uma guerra civil de 20 anos pelo controle do país.
Segundo Sakala, a trégua assinada em 20 de novembro de 1994 pelo presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, do MPLA, e pelo líder da Unita, Jonas Savimbi, trouxe a paz de volta ao país.
``A Unita nesse momento é parceira do MPLA, porque trabalhamos todos pela paz", afirmou Sakala à Folha. Dirigente da Unita, ele participou dos combates no país durante 15 anos.
A seguir, os principais trechos de sua entrevista à Folha:

Folha - O que o sr. veio fazer no Brasil?
Alcides Sakala - Viemos informar o governo sobre o processo de paz em Angola e felicitar o Brasil pelo envio de mais de mil homens para participar das forças de paz das Nações Unidas em Angola.
Folha - E a discussão sobre a cooperação econômica?
Sakala - Esse é o nosso primeiro contato em Brasília. Num quadro de cooperação econômica, o Brasil tem um espaço importante em Angola. Vamos ter milhares de soldados desmobilizados, que vão ter que encontrar trabalho.
Para isso, nós contamos com a participação do Brasil, por exemplo, na constituição de pequenas e médias empresas em Angola.
Folha - Como está hoje a situação de Angola?
Sakala - A paz chegou a Angola. A guerra terminou. O clima de entendimento vai permitir agora a abordagem de questões mais complexas. Entramos numa fase histórica importante.
Folha - O que possibilitou essa mudança rápida de um cenário de guerra para um clima de entendimento?
Sakala - O pragmatismo político. Angola não está preparada para mais anos de guerra. Os angolanos estão cansados, a infra-estrutura destruída. Há uma geração que só soube viver na guerra.
Tanto o MPLA quanto a Unita perceberam que não há futuro na guerra. É preciso que haja a paz, para termos melhores perspectivas para as novas gerações.
Penso que foi isso que contribuiu para que as pessoas se lançassem ao diálogo.

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