São Paulo, quarta-feira, 31 de maio de 1995
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Vertigo

A apreensão quanto ao estado da economia que ganhou força nas últimas semanas talvez tenha soado estranha para algumas pessoas, na medida em que parecia contrastar com os dados que vinham sendo divulgados, como o do impressionante crescimento anual de 10,5% do PIB no primeiro trimestre.
O estranhamento decorre das dificuldades naturais de adaptação à velocidade vertiginosa com que se desenrolam hoje os acontecimentos econômicos, que alteram cenários com uma rapidez que desafia o mais cuidadoso acompanhamento.
Hoje, de fato, a situação de crescimento acelerado do início do ano parece quase um passado longínquo e o vigoroso desaquecimento sentido nas últimas semanas já se reflete em indicadores e produz efeitos concretos que afetam diretamente a vida de muitos cidadãos.
Como esta Folha informou ontem, tanto a Fiesp como o Seade/Dieese detectam uma evolução preocupante nos indicadores de emprego. A indústria paulista, segundo a Fiesp, registra três semanas seguidas de queda do nível de emprego, acumulando só nesse período quase 4.500 demissões.
Os dados do Seade/Dieese revelam claramente uma reversão de tendência. De maio até dezembro de 1994, a taxa de desemprego para a Grande São Paulo declinou de 15,4% para 12,6%. Este ano, porém, a taxa voltou a subir e já atingiu 13,5% em abril, o que corresponde a 1.117.000 pessoas desempregadas. Reflexo dessa situação, o rendimento real médio dos trabalhadores registrados caiu 2,5% em abril.
Mais do que apenas inquietante, esse é um cenário bastante diferente do que se imaginava há pouco. Uma mudança que, tal qual as que a precederam -como a crise do México-, alerta para a necessidade de que o país se acostume com o dinamismo e a volatilidade estonteantes que, cada vez mais, caracterizam a atividade econômica contemporânea.

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