São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995
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Loyola vai propor fundo para agricultura

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma das primeiras contribuições do futuro presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, ao governo será a proposta de criação de um fundo para financiar a agricultura -exigência dos parlamentares ligados ao setor rural.
Loyola vem estudando as fontes de recursos para este fundo desde abril, quando a bancada ruralista intensificou as pressões por mais dinheiro e subsídios oficiais.
Pela proposta de Loyola, o fundo teria parte do dinheiro de contas correntes que os bancos recolhem ao BC, verbas orçamentárias, recursos da poupança do Banco do Brasil e do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
Com isso, seria possível financiar a agricultura com juros mais baixos e poucos subsídios oficiais.
Os recursos do recolhimento compulsório sobre contas correntes, por exemplo, ficam depositado no BC sem correção monetária nem juros. Não haveria prejuízo em emprestá-lo a agricultores.
Para Loyola, um fundo semelhante poderia financiar também a habitação, uma vez que o SFH (Sistema Financeiro da Habitação) não supre a procura por imóveis.
Outras idéias e propostas do futuro presidente do BC são:
Juros: a diretriz é a sinalizada pelo governo: o abrandamento da política de juros e do arrocho ao crédito será lento e gradual.
Loyola considera que entrou no governo para executar uma política econômica já traçada: manter a inflação baixa mesmo com ritmo de crescimento econômico menor.
O abrandamento do aperto ao crédito será feito pela redução dos recolhimentos compulsórios impostos aos bancos, e não diretamente com queda nos juros.
Câmbio: Loyola firma compromisso com os limites, ou bandas, para a cotação do dólar -piso de R$ 0,88 e teto de R$ 0,93.
Mudanças nas bandas só serão cogitadas se as importações continuarem a superar as exportações. Mas Loyola acredita na reversão dessa tendência.
Bancos estaduais: continua o objetivo de privatizar os cinco bancos estaduais sob intervenção do BC, inclusive o Banespa.
Para Loyola, a primeira privatização será a do Meridional (federal). Os estaduais dependem da negociação com os governadores.
Desindexação: Loyola deverá mudar a correção monetária da poupança e dos financiamentos habitacionais, hoje vinculados à TR (Taxa Referencial).
O governo quer eliminar a TR na poupança, mas não quer perder poupadores. Para Loyola, o sistema de aplicações financeiras como um todo deve ser reformulado.

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