São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995
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Médico faz acusação a ex-adido militar em livro

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O coronel Armando Avólio Filho, ex-adido militar da Embaixada do Brasil no Reino Unido, é citado como torturador por três vezes no livro ``A Hora do Lobo e a Hora do Carneiro", do médico Amílcar Lobo, da editora Vozes.
Na semana passada, o coronel foi denunciado ao presidente Fernando Henrique Cardoso pela entidade de direitos humanos Anistia Internacional.
O coronel também já havia sido denunciado publicamente em reportagem publicada na semana passada pelo jornal inglês ``The Guardian".
O livro
No livro ``A Hora do Lobo e a Hora do Carneiro", o médico Amílcar Lobo relata bastidores da tortura praticada por militares brasileiros nas décadas de 60 e 70.
Na página 23, o médico relata as sessões de tortura sofridas por Vera Sílvia de Araújo Magalhães, em 1971, no Rio de Janeiro.
``Vera está com uma paralisia dos membros inferiores. No momento em que a examinava, entrou um militar na enfermaria, fardado, que eu ainda não conhecia. Ele disse se chamar Avólio".
Na página 30, Amílcar Lobo prossegue, chamando o coronel Avólio de ``uma pessoa muito estranha".
Nas páginas 27 e 28, Amílcar Lobo sustenta que o então tenente Avólio teria participado do assassinato do deputado federal pelo Rio de Janeiro Rubens Paiva.
Relatório
A organização Anistia Internacional entregou um relatório de seis páginas a Fernando Henrique Cardoso, com depoimentos de duas vítimas tomados pela Anistia em 1972.
Avólio é citado ainda no livro ``Brasil Nunca Mais", elaborado pela Comissão de Justiça e Paz, órgão da Arquidiocese de São Paulo, com base em pesquisas do grupo Tortura Nunca Mais.

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