São Paulo, terça-feira, 6 de junho de 1995
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O jogo de paciência

MARIA ERCILIA
DA REPORTAGEM LOCAL

As esperadas portarias que regulamentam o acesso à Internet, assinadas na última quarta-feira, trouxeram uma certeza ao consumidor final: no melhor dos cenários possíveis, antes de setembro não se tem acesso comercial à rede.
Sorte tiveram os poucos que receberam formulários da Embratel e solicitaram senha à Embratel até 31 de maio. Esses estão com o acesso garantido.
As dúvidas que ficam: quem são os participantes do comitê que vai administrar o acesso à Internet. Quanto as empresas provedoras de acesso vão pagar. Qual vai ser efetivamente a capacidade da rede brasileira, supondo que ela esteja mesmo no ar em setembro.
Mesmo a questão de se a Embratel vai ou não poder prover acesso à Internet parece ter ficado mais ou menos adiada, já que a estatal vai continuar fornecendo acesso até dezembro (para aqueles que já se cadastraram).
Até lá muita coisa pode acontecer. O texto da nota conjunta divulgada pelo Ministério da Comunicação e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia pareceu um tanto quanto ambíguo neste pormenor, pelo menos no que se refere às empresas do Sistema Telebrás. Afirma que elas não proverão, "`em princípio', serviços de conexão à Internet para usuários finais, e que este espaço está destinado "'prioritariamente' ao segmento privado.
Este "em princípio parece garantir algum espaço de manobra no futuro. A nota está toda redigida nesse teor: "o provimento de serviços comerciais Internet ao público em geral deve ser realizado, preferencialmente, pela iniciativa privada.
Outro ponto ambíguo: as redes já estabelecidas de pesquisa podem entrar no negócio de provimento de acesso, segundo a nota. "Cada entidade associada à RNP decidirá sobre a conveniência de ofertar serviços comerciais Internet através dos acessos sob sua responsabilidade. Nesse caso, como fica o desconto de 50% em serviços de telecomunicação que ficou assegurado à comunidade acadêmica? Como distinguir o tráfego acadêmico do comercial?
O momento em que o ministro Sérgio Motta ligou o computador para a simulação da Internet, na semana passada, foi o mais emblemático da situação: a tela rebelde insistia em mostrar um jogo de paciência.

Big Brother
A facilidade com que os rumores se espalham na Internet às vezes provoca "incêndios. Uma das grandes polêmicas das duas últimas semanas foi o Registration Wizard, uma das características os Windows 95 (aquele que dizem que vai sair em agosto, lembra?).
O "Wizard é um programa de registro automático que comete a impolidez de vasculhar o computador do usuário, incluindo hard drive, memória, tipo de impressora e o que mais achar pela frente, para enviar automaticamente à Microsoft através de modem.
O temor na Internet foi que o programa coletasse dados sobre softwares piratas, sem que o usuário percebesse. Na verdade o "Wizard "pergunta antes ao usuário se ele quer ou não fornecer informações sobre seu equipamento.
Mesmo assim, é mais um ataque de Big Brother de Bill Gates. Imagine se todos os usuários do "Wizard concordam em "entregar o conteúdo de seus computadores à Microsoft. É uma tremenda vantagem da empresa sobre seus competidores.

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