São Paulo, sexta-feira, 9 de junho de 1995
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McEwan junta sangue e ironia

SÉRGIO AUGUSTO
DA SUCURSAL DO RIO

O pano de fundo de "O Inocente não saiu da cabeça do inglês Ian McEwan. Durante a Guerra Fria, os americanos de fato cavaram um túnel sob a zona soviética de Berlim. Codinome da empreitada: "Operação Ouro. Durou um ano, até abril de 1956.
David C. martin contou tudo no livro "Wilderness of Mirrors, citado por McEwan na última página de seu romance, o primeiro a tratar o Muro de Berlim como uma relíquia prestes a desabar.
Um dos mais bem-sucedidos escritores de sua geração, McEwan, 47, adora chocar os leitores com intrigas que tanto podem emular Poe e Kafka, como, em "O Inocente, Graham Greene, John Le Carrè, Émile Zola (o de "Thérèse Raquin) e James M. Cain (o de "The Postman Always Rings Twice). Crianças e inocentes são os seus materiais de ficção preferidos.
Em "The Cement Garden (1978), quatro crianças enterram a mãe no porão para que ninguém saiba que eles ficaram órfãos. Em "The Comfort of Strangers, um jovem e ingênuo casal de ingleses sucumbe à mórbida sedução de um estranho em Veneza. "A Child in Time começa com o rapto da filha de três anos de um escritor de livros infantis.
Sexo e morte, sangue e ironia, impulsividade e arrependimento, entrega e dominação -é sobre a combinação desses elementos que sua prosa econômica e claustrofóbica se articula. É um Graham Greene sem religião e sem alma, cujos personagens às vezes soam absurdos e gratuitos. (SA)

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