São Paulo, sábado, 10 de junho de 1995
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Polícia pede sequestro de bens do bicheiro Noal

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A Corregedoria da Polícia Civil pediu ontem o sequestro dos bens do maior banqueiro do bicho de São Paulo, Ivo Noal, sob a alegação de que ele teria enriquecido ilicitamente com o jogo do bicho.
O sequestro de bens é uma medida judicial que impede que o proprietário venda ou transfira seus bens enquanto está sendo apurada a origem de seu patrimônio. Caso se confirme que os bens foram conseguidos ilicitamente, eles são confiscados.
O pedido da corregedoria foi motivado pela apreensão da contabilidade de Noal no último dia 22. Os documentos foram achados na memória do computador de Luis Noal Neto, filho do bicheiro.
O aparelho estava na fortaleza (central de apuração de apostas) de Noal no edifício Vancouver, na avenida Angélica (região central de São Paulo). A contabilidade, divulgada pela Folha com exclusividade, mostra, segundo a polícia, pontos de jogo, pagamentos, funcionários, negócios entre bicheiros e contas bancárias do bicho.
A Folha procurou Ivo Noal e Luis Noal Neto no edifício Vancouver ontem e foi informada que eles estavam em uma fazenda. ``Acho a medida estranha. O doutor Ivo Noal está em dia com o fisco", afirmou Luigi Romano, assessor e braço direto de Ivo Noal.
O pedido da polícia está sendo analisado pelo juiz-corregedor Francisco Galvão Bruno, diretor do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais do Tribunal de Justiça). Ele decidirá se decreta ou não o sequestro dos bens.
Assinado pelos delegados Luiz Rebello, Emerenciano Dini e Fernando Quibao, o pedido tem quatro laudas e diz que a contabilidade de Noal prova que seu patrimônio resulta de ``atividades ilícitas, na melhor das hipóteses com o gerenciamento do jogo do bicho".
O pedido também afirma que há indícios de que Noal enriqueceu com sonegação fiscal e em ``frontal transgressão à ordem tributária" do país.
A corregedoria também pediu que o sequestro se estenda às empresas em que Noal tiver participação acionária, alegando que a medida visa a ``obstar o comportamento `marginal' de Noal".
Com o pedido, os delegados enviaram ao juiz cópias dos laudos sobre os arquivos da contabilidade de Noal e folhas com os antecedentes criminais do bicheiro.
Segundo relatório da PM, Ivo Noal dominaria 40% do bicho no Estado. Ele é também acusado de mandar matar três bicheiros rivais. Noal nega os assassinatos e diz que largou o bicho há dez anos.

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