São Paulo, sábado, 10 de junho de 1995
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Dez mil pessoas esperam 5 anos por transplante de rins em SP

ANTONIO ROCHA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dez mil pessoas esperam atualmente por um transplante de rim em São Paulo. O tempo médio de espera chega a cinco anos. No caso do transplante de córnea, a fila é de 5.000 pessoas e dura um ano.
Rins e córneas são os órgãos com maior espera para transplantes, segundo a Central de Notificação de Transplantes de Órgãos da Secretaria de Estado da Saúde.
A maioria das pessoas que esperam por um órgão para transplante é de São Paulo, mas existem pacientes de outros Estados.
Marisa Fernandes Silva Góes, 33, enfermeira-coordenadora da central, diz que, embora o número de transplantes venha crescendo -foram 286 em 92 e 960 no ano passado-, ele ainda é insuficiente (veja a evolução no quadro).
``O número é pequeno em relação à lista de espera e à quantidade de equipes médicas capacitadas a fazer a cirurgia", diz Marisa.
Segundo a enfermeira, a falta de doadores é o principal problema. Apesar de existirem cerca de 20 hospitais com recursos para fazer transplantes no Estado, a central de transplantes só recebe em média um doador por dia.
Para Marisa, a escassez é provocada na maioria das ocasiões por falta de informação. ``Muitas vezes a pessoa quer doar os órgãos, mas não sabe como. Acha que é mais difícil do que realmente é", diz Marisa.
A recusa das famílias em liberar os órgãos também atrapalha o processo de doação, diz a enfermeira.
Apesar de enfrentarem uma fila um pouco menor, pacientes que esperam órgãos como coração e pulmão estão sujeitos a uma situação ainda mais grave.
Por serem órgãos que não podem ficar muito tempo em funcionamento precário, muitas vezes o paciente morre antes de aparecer um doador. A fila para esses órgãos tem de 50 a cem pessoas e a espera vai de seis meses a um ano.
Para os pacientes com doenças renais, a saída é a hemodiálise, em que um aparelho ``filtra" o sangue, como um rim artificial.
O inconveniente é que a pessoa precisa ir a um hospital pelo menos três vezes por semana. Cada sessão de hemodiálise dura quatro horas em média.
Na semana passada, a Câmara aprovou projeto de lei do vereador Paulo Roberto Faria Lima (PMDB) que prevê que todas as pessoas que morrerem em São Paulo terão seus órgãos retirados para doação, a menos que se inscrevam, em vida, em um cadastro de não-doadores (leia abaixo).
Atualmente, a central de transplantes é comunicada toda vez que um paciente tem morte cerebral. A central faz contato com a família para liberar os órgãos. As condições do doador também são verificadas. As pessoas que esperam pelo órgão são avisadas e devem se encaminhar a um hospital capacitado para fazer a cirurgia.

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