São Paulo, sábado, 10 de junho de 1995
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FHC adia decisão sobre MP das cotas

GILBERTO DIMENSTEIN; LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso adiou a edição da MP (medida provisória) que cria o regime de cotas de importação de automóveis por causa de divergências na equipe econômica.
A MP aumentou o atrito entre os ministros Pedro Malan (Fazenda) e José Serra (Planejamento).
FHC estava preocupado principalmente com os boatos de demissão de Serra. Ao chegar ao Ministério do Planejamento após reunião da Câmara de Comércio Exterior, no Palácio do Planalto, Serra reagiu: ``Eu não apenas estou ministro como sou ministro".
A frase é uma corruptela de declaração de Eduardo Portella, ministro da Educação no governo Figueiredo (1979-85). Em discurso no Congresso em 25 de novembro de 1980, na véspera de deixar o cargo, Portella disse: ``Não sou ministro, estou ministro".
Para o ministro do Planejamento, os boatos são ``delírio de quem quer especular na Bolsa". Segundo ele, não há ``nenhuma queda-de-braço" entre ele e Malan.
Mas Malan faz várias restrições à MP e ameaçou não assiná-la caso não houvesse modificações no texto. Serra, do outro lado, defende a edição imediata da MP.
Os dois ministros discutiram a MP na reunião no Planalto, que durou mais de quatro horas e acabou por volta das 19h30 de ontem.
Ficou decidido que a MP será editada, mas com mudanças ainda em estudo. Os ministros Dorothéa Werneck (Indústria, Comércio e Turismo) e Clóvis Carvalho (Casa Civil) também participaram.
Carvalho disse que o governo não editou a MP para evitar ``desentendimentos e objeções formais" e que as discussões ainda não estão esgotadas.
O vazamento pela imprensa da notícia sobre a edição da MP precipitou a disputa entre Malan e Serra. Malan vinha conseguindo adiar sua assinatura na MP, tendo como aliado o presidente demissionário do BC, Pérsio Arida.
O ministro da Fazenda apresentava estudos demonstrando que o aumento do Imposto de Importação já seria suficiente para diminuir o déficit comercial (importações maiores que exportações).

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