São Paulo, sábado, 10 de junho de 1995
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Inevitável

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Toda sexta-feira, antes eram aos sábados, os responsáveis da Foca organizam entrevista coletiva obrigatória com alguns nomes pinçados das equipes.
Ontem, em Montreal, foi a vez de Ron Dennis, entre outros.
O todo-poderoso chefe da McLaren reafirmou sua predileção pela tecnologia, afirmando que a F-1 não deveria ficar mudando as regras sempre que alguém descobre algum modo de ganhar meio segundo.
Para ele, o regulamento volátil prejudica o desenvolvimento das equipes, principalmente das pequenas, que, com menos recursos, levam muito mais tempo para progredir.
Regras permanentes, segundo ele, fariam as equipes se preocuparem apenas com o desenvolvimento, mais em conta, do que já existe.
A questão foi levantada por causa de outro problema, a ausência da Simtek. Pode parecer medíocre discutir o assunto, mas não é.
A Simtek não está no Canadá por não ter recursos. Durante a entrevista, enquanto os representantes das equipes pequenas reclamavam dos custos da F-1, caso de Bertrand Gachot, que é sócio da Pacific, Dennis, como legítimo tubarão, defendia que dinheiro se faz com resultados na pista.
Para variar, cada um puxou a sardinha para seu lado. E ninguém respondeu o que a F-1 terá que fazer para aplacar a apatia de ver ora Hill, ora Schumacher na frente.
Seria solução liberar os softwares e deixar a F-1 seguir sua sina tecnológica? Talvez. Mas os críticos apontam que se diminuiria, assim, a competitividade. Os pilotos passariam a participantes de um torneio de videogame.
A solução, então, seria nivelar por baixo, como acontece na Indy -o que, na verdade, já foi sutilmente feito nos últimos anos. Aparece, então, a pergunta. Resolveu? Não (sem falar que a competitividade na categoria norte-americana também é relativa).
No final, a F-1 só aumentou a preocupação de seus fiscais, que agora têm mais um campo, complicadíssimo, para atuar: a informática.
De fato, a falta de equilíbrio prejudica o espetáculo. Mas a tentativa de frear a corrida tecnológica na Fórmula 1 está se mostrando inútil.
Fazem parte da categoria, de verdade, avanços e recuos.
Resistir, porém, ao uso de recursos eletrônicos inteligentes nos carros, em tempos de Internet, é bobagem.

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