São Paulo, sábado, 10 de junho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

General brasileiro quer evitar abalo moral

ROGÉRIO SIMÕES
DO ENVIADO ESPECIAL A ZAGREB

O general Newton Bonumá dos Santos, 53, chefe dos observadores militares da ONU na ex-Iugoslávia, quer evitar que a crise dos reféns na Bósnia abale psicologicamente a sua equipe.
``É uma preocupação muito grande que nós temos, que isso não aconteça", disse o general à Folha ontem, em seu escritório em Zagreb.
``Esta preocupação existe, tanto é que nós estamos dirigindo o nosso esforço principal durante esses dias na tomada de medidas para receber da melhor forma possível aqueles que são libertados."
Segundo ele, os cerca de 680 observadores espalhados pela região não demonstraram até agora nenhum mudança no estado psicológico causada pela crise dos reféns.
``Não se nota uma queda de estado moral. Este tipo de problema já faz parte da nossa preparação psicológica."
Bonumá acredita que os observadores, apesar de não trabalharem armados, correm menos riscos na ex-Iugoslávia do que as tropas da ONU.
``Eu diria que eles têm um risco talvez menor", afirmou. ``Pelo fato de nós andarmos desarmados, nós não somos considerados combatentes. Nossos homens vivem no meio da comunidade, vivem protegidos pela comunidade."
O general brasileiro considera bom o relacionamento entre os observadores e todas as partes envolvidas no conflito na ex-Iugoslávia.
``Existem contatos periódicos com as autoridades dos vários Exércitos. Isso é obrigação nossa."
Bonumá afirmou que não chegou a mudar muito sua rotina desde que seus homens foram feitos reféns, mas disse que o estado de espírito é outro.
``A gente fica na expectativa de receber notícia em casa, mesmo quando está dormindo", disse.
``Naturalmente há uma expectativa, muda o estado de espírito. Nós sabemos que existem companheiros presos, estamos preocupados com eles, mas continuamos exercendo nossa atividade do mesmo jeito."
O general disse que, por causa do caráter do trabalho dos observadores, não há muito o que fazer para evitar que novas pessoas sejam tomadas como reféns.
``Se nós quisermos cumprir a obrigação de estar presentes em todos os lugares, temos que confiar nas partes que estão em disputa", afirmou. ``A única medida preventiva que tomamos normalmente é contra criminosos comuns."
(RS)

Texto Anterior: Brasileiro se preparou para 3 meses de cativeiro
Próximo Texto: ONU vê redução nas libertações
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.