São Paulo, sábado, 10 de junho de 1995
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Comunidade Solidária; Cargos; Orientação sexual; Taxa de ladrões; Sindicalismo; USP

Comunidade Solidária
``Na última reunião do Conselho Consultivo da Comunidade Solidária, no início desta semana, procurei esclarecer a opinião pública, por meio de entrevista coletiva, sobre nossos esforços para integrar recursos técnicos, humanos e financeiros disponíveis nas várias instâncias da sociedade com vistas ao combate mais eficiente à miséria e à fome em nosso país. Fiquei surpreendida com o lastimável tratamento que a Folha de S.Paulo deu às informações que prestei. A versão publicada na pág. 1-10 da edição de 7/6 nem remotamente reproduz o que afirmei. O conselho jamais utilizaria recursos, de onde quer que viessem, para `fazer marketing das ações do governo'. Considero essa versão desrespeitosa não só a mim, mas às pessoas que compõem o conselho e ao papel que assumiram na sociedade. O aporte de recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento, via Banco do Brasil, de US$ 150 mil, será utilizado na criação de um banco de informações detalhadas sobre experiências sociais e comunitárias bem-sucedidas. O mapeamento dessas experiências e o diálogo público que a partir daí se estabelecerá permitirão que elas sejam replicadas. A matéria da Folha de S.Paulo prossegue em incorreções, imprecisões e desinformação, quando afirma que o conselho presidido por mim foi criado `para coordenar as políticas sociais do governo federal'. Reitero que o Conselho da Comunidade Solidária não constitui uma nova agência do governo, e sim configura uma nova estratégia de combate à fome e à miséria, a partir da articulação da sociedade. Afirma ainda o jornal que eu vou propor `uma reedição do Projeto Rondon'. Não é verdade. Várias universidades brasileiras vêm desenvolvendo projetos de atenção social em suas Pró-Reitorias de Extensão. Desejamos mobilizar os estudantes para que participem desses esforços e ampliem sua ação para os bolsões de pobreza. Com esses esclarecimentos, espero ter colaborado com a Folha de S.Paulo no restabelecimento da verdade."
Ruth Cardoso, presidente do Conselho Comunidade Solidária (Fortaleza, CE)

Cargos
``A manchete da Folha desta sexta-feira (9/6) -`FHC começa a distribuir cargos'- não corresponde aos fatos. Dá a idéia de que o presidente Fernando Henrique Cardoso negociou a aprovação das reformas da ordem econômica em troca de cargos no governo, exatamente o contrário do que procurei mostrar às repórteres que me entrevistaram. Na ocasião, resumidamente, disse o seguinte: 1) O presidente Fernando Henrique Cardoso, nas reuniões com os líderes e bancadas governistas, em nenhum momento aceitou debater a aprovação das reformas em termos de barganha de cargos. Reiterou sempre que o que estava em jogo eram os interesses do país e chegou a ser ríspido com aqueles que ousaram tocar no assunto. O presidente obteve a maioria do Congresso porque cobrou uma atitude política coerente daqueles que o apóiam. 2) O preenchimento dos cargos no governo, a partir de indicações dos partidos e suas bancadas, segue o ritmo imposto pela Casa Civil a partir de critérios muito claros: perfil profissional adequado e currículo imaculado; ou seja, competência e probidade. Todas as nomeações feitas pelo governo até agora passaram pelo crivo de rigorosa checagem das informações. 3) Não ocorrerá nenhum festival de nomeações. Elas serão feitas de acordo com as necessidades da administração pública, como pode ser verificado em qualquer ministério ou empresa estatal. O governo também pretende evitar que os cargos de segundo e de terceiro escalões, preenchidos por indicação política, sirvam de instrumento para práticas clientelísticas e fisiológicas. Leitor assíduo e admirador da Folha, louvo a independência e o espírito crítico com que seus profissionais vêm realizando a cobertura do processo de reformas constitucionais. Entretanto, não posso deixar de fazer essas considerações. Trechos de minhas declarações foram `pinçados' para esquentar a matéria que mereceu a manchete do jornal. Do meu ponto de vista, também as reformas administrativa, tributária e previdenciária e as privatizações estão acima de qualquer barganha de cargos. Isso está sendo compreendido pelos partidos que apóiam o governo graças à ação firme do presidente da República. Tenho reiterado essa opinião em todas as minhas conversas com jornalistas."
José Anibal, líder do PSDB na Câmara (Brasília, DF)

Orientação sexual
``Os juristas Celso Bastos e Maria Garcia, quando dizem que a palavra `sexo' engloba `orientação sexual' -e portanto seria desnecessária a introdução dessas últimas na Constituição-, fazem séria confusão. Orientação sexual é a atração sexual de uma pessoa por outra, e sexo se refere a identidade sexual: ser do sexo feminimo ou masculino. É muito importante que a Constituição já inclua a não-discriminação por sexo, pois evita a discriminação de gênero, assim como é importante acrescentar que não haja discriminação por orientação sexual. O jurista Márcio Bastos percebeu a diferença."
Marta Suplicy, deputada federal pelo PT-SP (Brasília, DF)

``A deputada Marta Suplicy pretende incluir na Constituição a proibição de discriminar por orientação sexual. Esse dispositivo já existe nas leis orgânicas de 74 municípios brasileiros e nas constituições dos Estados de Mato Grosso, Sergipe e do Distrito Federal. A inclusão em nível federal representa a garantia do direito à cidadania de todos os brasileiros."
Toni Reis, secretário-geral da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis (Curitiba, PR)

Taxa de ladrões
``Ministro Sérgio Motta, a taxa de ladrões não diminuiu, eles estão simplesmente em fase de mutação."
Gilberto A. Giusepone (São Paulo, SP)

Sindicalismo
``Lamentável, sob todos os pontos de vista, o artigo do sr. Paulo Pereira da Silva na Folha de 9/6. Esse senhor envergonha os trabalhadores com sua subserviência aos empresários e enlameia o movimento sindical com sua tibieza diante do poder. Ao contrário do que diz o pelego, o governo não `quebrou a espinha' do movimento dos petroleiros. Muito menos agiu com `sabedoria e sem violência'. Aliás, por falar em espinha, esse pelego da Força Sindical curva-se tanto, que já deve estar com muitos problemas na sua."
Márcio José Jorge, diretor do Sindipetro de São paulo (São Paulo, SP)

``Não concordo com a afirmação do Paulinho, da Força Sindical, de que o governo quebrou a espinha dorsal do movimento dos petroleiros sem usar ao menos um tapa que criasse pretextos aos grevistas. Pressupõe que o leitor é idiota e que não lê também Janio de Freitas."
Sônia M. Bulhões Miranda (Osasco, SP)

USP
``Tendo tomado conhecimento da reportagem `Família pede reparação à USP', à página 1-14 de ontem, a Universidade de São Paulo considera importante esclarecer que a atual Reitoria tem demonstrado o maior interesse em resolver este assunto junto à família da professora Ana Kucinski. A prova dessa boa vontade ficou evidente quando a USP colocou sua consultoria jurídica à disposição do professor Bernardo Kucinski, a fim de orientá-lo sobre os procedimentos legais cabíveis para reabilitar a memória daquela ex-docente."
Lupercio Tomaz, assessor de imprensa da Reitoria da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

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