São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995
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UNE quer submeter reforma a referendo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O 44º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), aberto ontem, em Brasília, deve aprovar neste fim-de-semana proposta da atual direção de pressionar o Congresso Nacional pela realização de referendo popular sobre as reformas constitucionais.
No referendo, assim como no plebiscito, é feita uma consulta à população -no caso, se aprova ou não as reformas. Ambas as consultas estão previstas no artigo 14 da Constituição.
Cerca de 2.000 estudantes vão permanecer em Brasília na próxima semana para atuar junto ao Congresso para pedir a aprovação de uma emenda para o referendo.
``Não acredito que os deputados, mesmo os que votaram a favor das reformas, neguem o referendo. Nem Fernando Henrique pode ser contra a que o povo diga sim ou não", disse o presidente da UNE, Fernando Gusmão, 26.
Ele será substituído na direção da entidade após a reunião plenária final do congresso, que acontece no domingo, no ginásio da Academia de Tênis.
O candidato apoiado pela atual direção (ligada ao PC do B) é o baiano Orlando Junior, 24, estudante de direito da Universidade Católica de Salvador.
Orlando tem o mesmo discurso anti-reformas e pró-monopólios de Gusmão: ``O monopólio prejudica a atividade social das empresas estatais", disse.
Pelo menos outras quatro chapas disputam a sucessão da UNE, ligadas ao PC do B, PT, PSB e outros partidos considerados ``de esquerda". Até ontem, não havia nenhuma chapa do PSDB.
Só os delegados -representantes de diretórios e centros acadêmicos das faculdades e universidades- têm direito a voto. Cerca de 5.000 já estão inscritos.
A atual direção é contrária à realização de eleição direta para escolha do presidente da entidade.
``Todo mundo se convenceu de que era um absurdo. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a CUT (Central Única dos Trabalhadores) também elegem o presidente por meio de delegados", disse Gusmão.
A atual direção da UNE está reescrevendo a história. De adversário do impeachment do ex-presidente Fernando Collor, Leonel Brizola foi transformado em ídolo cara-pintada.
``Brizola nunca apoiou Collor. Ele lutou pelo impeachment", disse Gusmão, explicando por que o ex-governador do Rio é o convidado para a abertura do Congresso.
Brizola foi um dos últimos políticos a aderir ao impeachment e chegou a classificá-lo de golpe.

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