São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995
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Arrepios nacionalistas

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Não precisa muita coisa para causar arrepios de nacionalismo entre Brasil e Argentina.
``Argentina reage à medida que limita as importações de carros no Brasil", anunciou o Jornal Nacional. O presidente argentino ameaça não vir mais à reunião sobre o Mercosul, confirmou o TJ. Carlos Menem ``aguarda explicações", fechou o Jornal Bandeirantes. Pois vai aguardar sentado, foi o tom geral dos ministros brasileiros, ontem na televisão. José Serra, por exemplo, reagiu afirmando, segundo o relato da correspondente do SBT:
- O Brasil quer regras iguais para os dois. Os carros brasileiros não têm livre acesso ao mercado argentino. Se não entram livremente lá, os carros argentinos não podem ter a mesma prerrogativa aqui.
E ``o governo não vai mudar a sua medida por causa disso", teria encerrado o ministro do Planejamento. A ministra da Indústria, Dorothéa Werneck, também reagiu mal.
Segundo a Bandeirantes, ``no que depender da ministra, o governo não vai ceder às pressões dos argentinos, porque a medida não fere o acordo do Mercosul". Da própria, de cara amarrada, irritada:
- Um regime automotriz comum já estava previsto no acordo do Mercosul. Portanto, não estamos mudando nada.
Tensão em alta. E ainda nem começou a Copa América.
Medo, insegurança - O governo tem medo da votação. Ele tem insegurança no resultado.
A comunista Jandira Feghali não conteve a ironia ao falar, ontem na Manchete, do pânico que a votação dos juros de 12% provoca no governo.
Presidente, os ministros, presidente do Banco Central, presidente da Câmara, passam todos pela televisão, dia após dia, com ataques à iniciativa da deputada comunista.
Ontem desistiram de adiar a decisão sobre a tal ``urgência urgentíssima" e começaram a bater no peito, como no caso do líder pefelista Inocêncio Oliveira, na Rede Brasil, que vão derrubá-la no voto.
``Mas se tudo falhar", disse a correspondente da Manchete, também irônica, ``o presidente da Câmara vai fazer consultas jurídicas para saber se é legal regulamentar apenas um item do sistema financeiro".
Vai mal, o rolo compressor.

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