São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995
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Bactéria mata 5 bebês na Unicamp

BILL SOUZA
DA FOLHA SUDESTE

Uma bactéria ainda não identificada matou cinco recém-nascidos prematuros em 48 horas, entre segunda-feira e anteontem, no berçário do Caism (Centro de Assistência Integral à Saúde da Mulher) da Unicamp, em Campinas (99 km a noroeste de São Paulo).
Outras cinco crianças, também infectadas, estão internadas em estado grave em uma ala não infectada do Caism e correm risco de vida, segundo o diretor do berçário, Sérgio Marba, 36.
Segundo o diretor, elas não podem ser transferidas porque poderiam levar a infecção para outros hospitais e causar novas mortes.
A infecção atinge 10 dos 37 recém-nascidos do berçário, o que representa 27% do total. O aceitável pela OMS (Organização Mundial da Saúde) é uma taxa de até 25%. Marba determinou ontem o fechamento do berçário por 15 dias. No período, será feita a desinfecção do local.
Segundo ele, é a primeira vez nos dez anos de funcionamento do Caism que ocorre uma infecção com mortes. A mais grave, até então, havia acontecido em 18 de março deste ano.
Na época, o índice chegou a 48% dos 43 pacientes, mas ninguém morreu. Também naquele período a direção fechou o hospital por 15 dias para desinfecção.
Marba disse que a infecção foi causada pelo excesso de pacientes que são atendidos diariamente. A média tem sido de 37, mas o berçário tem capacidade para 30.
``Com o excesso de demanda, há mais gente circulando no berçário, o que aumenta o risco de infecção", afirmou.
O Caism também procura vaga para transferir pelo menos dez gestantes de risco para outros hospitais da região. Mas não havia conseguido até a tarde de ontem.
As gestantes necessitam de um acompanhamento intensivo porque enfrentam problema na gravidez, como pressão alta. Sem cuidados, há risco de aborto.
``O nosso índice de infecção está dentro aceitável pela OMS. O problema é a gravidade da infecção", afirmou o diretor.
O diretor disse que dos pacientes atendidos, 20% apresentam risco de vida. Geralmente, são recém-nascidos prematuros, com baixo peso e que nasceram com alguma doença grave, como problemas pulmonares.
``Os bebês que nascem sem problemas poderiam ser atendidos nos hospitais da região", afirmou.

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