São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995
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Escola em aldeia tenta preservar língua indígena

MYRIAM VIOLETA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Erramos: 24/06/95
Pesquisadores de Mato Grosso do Sul e São Paulo trabalham para implantar uma escola bilíngue na aldeia indígena Ofaié, em Três Lagoas (MS).
O objetivo é revitalizar a língua ofaié, considerada extinta pelos estudiosos. Somente 27 dos 42 que vivem na aldeia falam o ofaié. Ninguém escreve na língua.
Há cerca de quatro anos, o Ceu (Centro Universitário de Três Lagoas, da Universidade Federal de MS) vem trabalhando com os índios da tribo e há três meses, com a participação dos aborígines, o Ceu construiu uma escola na aldeia.
Lá, os ofaié aprendem, com uma estudante de pedagogia do Ceu, a ler e escrever em português. Com uma mulher da tribo, aprendem a falar o equivalente na língua nativa.
O ensinamento é feito pelas mulheres porque, segundo os costumes ofaié, só elas podem repassar o conhecimento.
Na escola, também se aprende matemática, desenho e a confecção de arco e flecha.
No último final de semana, estudiosos, técnicos, lideranças indígenas e representantes da Funai (fundação Nacional do Índio) discutiram a idéia da implantação de um curso bilíngue na escola.
Marymárcia Guedes, doutora em Linguística da Unesp (Universidade Estadual Paulista), que está assessorando o projeto, disse que o trabalho será lento.
``É preciso detectar primeiro a prática discursiva, ensinar todos eles a falar o ofaié para, somente a partir daí, começar a alfabetização", afirma.
Segundo a linguista, o ofaié é uma língua isolada, ou seja, não tem pontos comuns com outras, o que torna o trabalho mais difícil.

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