São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Colômbia acusa tráfico por atentado

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo colombiano disse ontem ter provas de que traficantes são os responsáveis pelo atentado a bomba que matou 29 pessoas e feriu mais de 200 no sábado, em Medellín.
A bomba teria sido colocada por um grupo guerrilheiro contratado pelos traficantes. O governo não disse qual seria a facção, mas suspeita-se das Milícias Bolivarianas, grupo guerrilheiro de inspiração marxista.
O governo não soube dizer se os traficantes que ordenaram o atentado são ligados aos cartéis de Cali ou Medellín.
A explosão aconteceu apenas um dia após a prisão do líder do cartel de Cali, Gilberto Orejuela, o mais procurado traficante do mundo. Isso levou a polícia a investigar a possibilidade de retaliação.
A bomba, de 10 kg, explodiu sob uma escultura em um parque no centro da cidade, durante um show musical. O chefe da polícia colombiana, Rosso Jose Serrano Cadena, apresentou ontem um relatório sobre a explosão.
As Milícias Bolivarianas são um braço das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
O governo interceptou uma conversa por rádio que mostra que os dirigentes das Farc não haviam sido informados do suposto contrato entre traficantes e milicianos.
Milícias, na Colômbia, são organizações criminosas que surgiram nos bairros pobres de Medellín com apoio do cartel de drogas local. Após a morte do líder do cartel, Pablo Escobar, as milícias se ligaram às Farc.
Inicialmente, um comunicado da entidade Coordenadoria Guerrilheira Simon Bolívar assumiu a autoria do atentado. Em seguida, porta-vozes do grupo disseram que o comunicado era falso.
O ministro de Governo (equivalente ao ministro do Interior), Horacio Serpa, disse que não há ligação aparente entre a prisão de Orejuela e a explosão.
Os policiais de Cali deram ontem mais um passo para desmantelar o cartel de distribuição de drogas da cidade. Foram presas mais 11 pessoas do grupo, responsáveis pela segurança pessoal de Miguel Orejuela, irmão de Gilberto e novo líder da organização.
Eles foram presos na sede do America, time de futebol de Cali sustentado pelos irmãos Orejuela. Seis dos presos são oficiais reformados do Exército.
O escritório tinha aparelhos de rádio que sintonizam a frequência usada pelo serviço secreto da polícia e pelo Exército.
Por isso, entre as acusações aos homens presos estará a de espionagem contra organismos de segurança.
O governo oferece o equivalente a R$ 1,2 milhão por informações que levem à prisão do novo chefe do cartel, que fornece 70% da cocaína consumida no mundo.
Em outra operação, foi apreendida uma tonelada de cocaína em uma casa na zona sul de Cali. Nove pessoas foram presas.
No sul do país, o Exército encontrou e destruiu um laboratório de processamento de cocaína em meio à floresta Amazônica, a 450 km de Bogotá. Na operação, um traficante foi morto, outro foi ferido. Foram presos 26.

Texto Anterior: França reconhece passaporte palestino; Argentina promete extraditar ex-nazista; A FRASE; Para xiitas, Iraque vive guerra interna; Conflito com curdos mata 46 na Turquia; Calor no sul do Egito deixa 32 mortos
Próximo Texto: Salinas sofre investigação por homicídio
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.