São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995
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Fuja de São Paulo

ROBERTO MAKSOUD

A Prefeitura de São Paulo parece estar desenvolvendo uma campanha para não trazer o turista para a cidade.
Cuidado, pois alguns títulos como ``Fuja de São Paulo" ou, quem sabe, ``São Paulo é um Lixo" poderão estar saindo das mentes brilhantes do marketing do gabinete eleitoreiro do prefeito ou da assessoria de imprensa da Semab (Secretaria Municipal de Abastecimento).
As ações começaram na última semana de maio em forma de ``press-releases", fartamente distribuídos à imprensa paulista, contendo ``informações" abjetas sobre a fiscalização que a Semab realizou nos principais restaurantes e hotéis cinco estrelas da cidade.
A notícia, como toda notícia ruim, correu depressa, ultrapassou os limites de São Paulo e ganhou manchete em outras cidades do país. Alguns jornais chegaram a noticiar que o hotel Maksoud Plaza havia sido interditado.
Eventos
Em outras frentes, entidades como o São Paulo Convention & Visitors Bureau, os conselhos municipal e estadual de Turismo e a ABIH (Associação Brasileira de Indústria de Turismo) continuam unidos na tarefa de trazer grandes eventos para a cidade e divulgar os seus mais preciosos serviços: o turismo de negócios, a culinária e a hotelaria. Esses dois últimos, serviços reconhecidos mundialmente por sua qualidade e diversidade.
O gasto com publicidade e promoção nos últimos dois anos chega próximo dos US$ 5 milhões e envolvem empresas como a Rede Globo, ``O Estado de S. Paulo" e Editora Abril, só para citar algumas.
A anticampanha promovida pela prefeitura pode mandar para o ralo todo esse esforço de anos e anos.
A ``Capital de Eventos do Hemisfério Sul" corre o sério risco de perder a preferência do setor. A mudança de endereço interessa a muitos pólos que têm atrativos naturais que São Paulo não possui.
A prefeitura de São Paulo, por sua vez, sentiria em seus cofres uma sensível diminuição nos US$ 60 milhões que arrecada com o turismo de eventos anualmente.
Política
Outra demonstração da falta de política para o setor vem do próprio prefeito Paulo Maluf que, no ano passado, lançou uma campanha para transformar São Paulo na capital mundial da gastronomia.
Na ocasião, as entidades imaginaram que haviam encontrado no prefeito o seu mais importante aliado. Ledo engano.
As ações via Semab mostram, mais uma vez, que o prefeito está preocupado em manter-se a qualquer custo na mídia, de olho em futuras campanhas eleitorais.
Desta vez, porém, cometeu um erro estratégico: mudar o endereço da capital mundial da gastronomia.

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