São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995 |
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As baratas de cinco estrelas
ALDEMAR COSTA FILHO O senhor Roberto Maksoud não consegue distinguir entre o público e o privado. Insiste em dizer que as multas aplicadas pela vigilância sanitária da Secretaria Municipal de Abastecimento (Semab) ao hotel Maksoud Plaza e a outros hotéis cinco estrelas de São Paulo atrapalham a imagem da cidade enquanto ``capital da gastronomia", afastando os turistas.Nada mais falso. Os quinze autos de multa lavrados no último dia 23 de maio indicam apenas que a fiscalização constatou, naquela data, nas cozinhas e açougue do Maksoud, igual número de infrações ao código sanitário, como a presença de insetos, alimentos com data de validade vencida, falta de higiene nas instalações e equipamentos. Significa também que as estrelas de um hotel não o colocam acima do cumprimento das leis e do respeito à saúde pública. Significa, finalmente, que a prefeitura cumpre com sua obrigação de fiscalizar todo e qualquer estabelecimento que sirva alimentos ao público, proporcionando, quer ao turista, quer aos paulistanos, a garantia de que nesta cidade sua saúde estará preservada. Fiscalização Como faz rotineira e permanentemente -porque é sua obrigação legal-, a prefeitura vistoriou, entre o final de maio e começo de junho, 689 estabelecimentos, interditando 29, multando 257, intimando 322, mas encontrando, também, 146 estabelecimentos em boas condições de higiene. Se somarmos estes aos que foram apenas intimados por não apresentarem graves irregularidades, pode-se concluir que o hotel Maksoud Plaza, com suas quinze multas, infelizmente encontrava-se entre a minoria dos estabelecimentos que flagrantemente desrespeitaram as normas sanitárias, desrespeitando, com isso, seus próprios hóspedes e clientes. Publicidade A prefeitura não está atrás de publicidade para seus atos. Apenas cumpre o dever de proteger a saúde pública, não apenas em hotéis e restaurantes de luxo -cujo desleixo transforma-se em notícia, mas não por responsabilidade nossa. Mantemos inclusive o Disque-Sujinho (011-229-2050), para receber reclamações. Fotografia Se nossa intenção fosse chocar a opinião pública ou prejudicar a imagem dos estabelecimentos, teríamos filmado ou fotografado as baratas que encontramos nas cozinhas do Maksoud, que, diga-se de passagem, barrou o acesso da imprensa às suas instalações. Em resumo, São Paulo não é e não será um ``lixo", do qual os turistas devam fugir. Não é e não será porque possui autoridades sanitárias que cumprem a lei, não se intimidam com ameaças e não concedem privilégios a poderosos. WALDEMAR COSTA FILHO, 72, é secretário municipal de Abastecimento de São Paulo (gestão Paulo Maluf) Texto Anterior: Fuja de São Paulo Próximo Texto: Cursos no exterior custam até US$ 30 mil Índice |
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