São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FHC vira 'pr@ cr-df.rnp.br' na Internet

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO; MARIA ERCILIA
EDITOR DO PAINEL

FHC vira "pr@ cr-df.rnp.br' na Internet
Endereços eletrônicos da Presidência da República podem ser localizados na rede mundial de computadores
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
MARIA ERCILIA
O endereço eletrônico da Presidência da República é um segredo de polichinelo. Não revelado ao público por ``razões de segurança", ele pode ser encontrado com a ajuda de alguns dos recursos de pesquisa mais simples da Internet (rede mundial de computadores, com número de usuários estimado em 40 milhões).
No último dia 6, o Palácio do Planalto abriu as portas do gabinete de Fernando Henrique Cardoso para um evento de mídia: a ligação do presidente com o mundo da informação via computador, por meio da rede mundial -a exemplo do que já acontece há anos com Bill Clinton, nos EUA.
As semelhanças com o colega norte-americano, entretanto, param por aí. Ao contrário da Casa Branca, que divulga aos quatro ventos o e-mail de seu inquilino, o governo brasileiro decidiu fazer segredo do de FHC.
Depois que o computador do presidente foi conectado à Internet, a Folha pediu seu endereço eletrônico para enviar uma pergunta. Após uma semana, veio a resposta: por intermédio de sua assessoria de imprensa, comunicou que o e-mail não seria divulgado.
Segundo o Planalto, a Internet será usada por FHC para obter informações em bancos de dados e fontes de pesquisa no exterior.
Segurança
Sobre a razão de não adotar a mesma política de Bill Clinton -que usa a Internet como canal para receber mensagens, críticas e sugestões da população-, a Presidência, sempre via assessoria de imprensa, argumentou que ainda não havia, no Palácio do Planalto, um sistema de segurança como o da Casa Branca.
O sistema de segurança impediria que ``hackers" invadissem a rede de computadores da Presidência e tivessem acesso a informações sigilosas.
Se invocou razões de segurança para manter em sigilo o e-mail presidencial, o Planalto, por outro lado, não tomou nenhuma providência prática para ocultar os endereços do governo na própria Internet.
Na quarta-feira passada, uma busca feita pela Folha com a ajuda de dois programas simples e usados pela maioria dos usuários da Internet, o ``gopher" e o ``finger" (leia texto abaixo), teve como resultado mais de 70 endereços do Palácio do Planalto, de vários ministérios, do Congresso e de outros órgãos ligados ao governo (veja alguns dos principais endereços no quadro ao lado).
A listagem obtida pela Folha revela que os endereços estão sendo utilizados. Parte deles acusa o recebimento e a leitura de correspondência. São os casos dos e-mails de FHC e do vice-presidente Marco Maciel.
Os endereços na Internet não são definitivos. O governo pode decidir mudar o e-mail da Presidência e dos ministérios a qualquer momento.
Além disso, a pesquisa feita pela Folha não esgota as possibilidades de existência de endereços governamentais. Pode haver outros em computadores diferentes da Rede Nacional de Pesquisas.

Texto Anterior: Banco Mundial defende programas de ajuste
Próximo Texto: Veja como encontrar endereços
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.