São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995 |
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Prefeitura paga supermínimo a funcionalismo
FÁBIO GUIBU
Em Escada (54 km de Recife), desde maio, nenhum dos 1.261 servidores municipais recebe menos de R$ 144,72. O mínimo no país é de R$ 100. Servidor mais bem-remunerado do município, com salário de R$ 8.500, o prefeito José Mário Leite (sem partido), 55, diz que, em Escada, um gari ganha R$ 188,13 por mês, e um médico, R$ 898,32 mensais por 20 horas semanais. Em Recife, um médico da prefeitura recebe R$ 118,56 por 20 horas semanais mais R$ 119,29 de ``incentivo à produção", além de uma quantidade variável de acordo com a produtividade. Para pagar esses salários, a Prefeitura de Escada comprometeu, em maio, 72% de sua arrecadação. O percentual fica acima dos 65% permitidos pela Constituição. ``Em agosto, atingiremos esse limite", diz Leite. Até lá, ele espera aumentar a arrecadação, que ficou em R$ 550 mil em maio. O prefeito diz que as dívidas do município não ultrapassam os R$ 15 mil mensais. ``A prefeitura distribui diariamente 1.300 litros de leite de soja e 400 litros de sopa para os desempregados e carentes", afirma. ``Oferecemos também quatro ônibus para o transporte gratuito de estudantes e pagamos a metade da passagem dos universitários que estudam em Recife, Vitória de Santo Antão e Palmares", diz. Leite, que não esconde o desejo de se tornar governador, pretende, ainda neste ano, calçar com paralelepípedos 22 ruas da cidade, que tem 70 mil habitantes. Para o prefeito, das mais de 4.800 prefeituras do país, apenas 800 não têm condições de pagar pelo menos R$ 100,00 de mínimo. ``Basta administrar bem e não roubar", diz o ex-peemedebista, que foi eleito pelo PT. ``As declarações dele são uma grande injustiça com seus companheiros", reclama o presidente da Associação Municipalista de Pernambuco e prefeito de Tuparetama (PE), Pedro Torres Tunu (PFL). Oposição O vereador Genivaldo Ageu da Paixão (PT), 32, diz que o prefeito ``tem linha de ditador e comportamento de déspota", o que determinou sua saída do partido. ``O negócio dele é construir. Educação e saúde ficam em décimo plano", diz o vereador. Sobre os salários, afirma: ``É triste, mas é verdade que ele paga melhor. É triste porque ninguém poderia se vangloriar de pagar aos seus funcionários a miséria de R$ 144,72 por mês". Texto Anterior: Órgão quer recadastrar Próximo Texto: Polícia do Rio encontra fardas do Exército durante ação em morro Índice |
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