São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Tuberculose atinge os desabrigados de Londres

MARIE-LUCE RIBOT
DE PARIS

Em King's Cross, pleno coração da capital britânica Londres, em 1995, a apenas três estações de metrô da City (centro financeiro de Londres), reaparece uma doença de outra época: a tuberculose.
Embora o tratamento seja simples, é difícil evitar a sua propagação. Ela ataca os mais pobres, os que menos tomam remédios.
Em Londres, 1 em cada 50 desabrigados sofre de tuberculose. Segundo organizações assistenciais, a taxa sobe vertiginosamente desde 1988. Nos últimos 30 anos, ela nunca foi tão alta.
O número é duas vezes superior à media da Inglaterra e à do País de Gales. Pesquisa indica que o número de doentes cresceu 12% nos últimos cinco anos, principalmente nos bairros mais pobres.
Cerca de 6.000 casos foram notificados em 1993 e a doença matou pelo menos 500 pessoas.
``A tuberculose acompanha a pobreza como uma sombra. Será mesmo uma surpresa vê-la reaparecer?", pergunta o médico Kenneth Citron, em relatório feito junto com a Crisis, organização assistencial que trata de desabrigados.
Pesquisa encomendada pelo governo britânico indica que 13,9 milhões de britânicos viviam em 1992 abaixo do limiar da pobreza, contra 5 milhões em 1979.
``Diariamente mil famílias londrinas ficam sem teto. A pobreza, a superpopulação nos hotéis ou nos `bed-and-breakfast' (diária com café da manhã) de baixo nível, sujos e úmidos, são a causa do reaparecimento da tuberculose", diz Brian Millar, assistente social do King's Cross Homelessness Project, associação londrina de assistência a desabrigados.
As entidades assistenciais acusam os médicos e o governo de serem passivos com a tuberculose. ``A tuberculose atinge na maioria das vezes homens acima de 50 anos e com problemas com álcool", diz o médico Citron.
A Crisis explica para os desabrigados os meios de evitar propagação da doença.
O governo não emprestou material de detecção à Crisis quando ela tirou chapas dos pulmões de desabrigados. A organização foi obrigada a alugar o equipamento de uma empresa particular ao preço de US$ 25 para cada teste.
O governo britânico diz que o número de tuberculosos não aumentou. O número de profissionais que detectam a doença é que teria aumentado.
Ele diz que a doença atinge mais aos asiáticos e africanos que chegaram ao país.

Tradução Lise Aron

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