São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995
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China e Vaticano negociam secretamente

FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

Diretor da Amitié-Chine (Amizade-China), organização católica sediada em Montreal, no Canadá, o padre Michel Marcil afirma que a maioria dos bispos da ``Igreja Patriótica" -a admitida pelo Estado chinês- tem ligações clandestinas com o Vaticano (sede da Igreja Católica).
Em entrevista à Folha, ele afirma que, dos 69 bispos patrióticos, cerca de 20 são reconhecidos pelo Vaticano e outros tantos já encaminharam seus pedidos para a formalização desta ligação -tudo isso feito de forma secreta.
Um dos maiores especialistas da situação do catolicismo na China, Marcil afirma que o direito à ordenação e nomeação de bispos é o principal problema entre as autoridades do país e as do Vaticano.
Segundo Marcil, o governo chinês considera que a nomeação de bispos pelo Vaticano -a exemplo do que ocorre em quase todo o mundo- seria uma afronta à soberania do país.
Uma das possíveis formas de solução para o impasse: o Vaticano faria uma lista com três nomes e Pequim escolheria dois deles para serem bispos.
A possibilidade de um entendimento entre a China e o Vaticano assusta os "radicais da "Igreja do Silêncio. Eles podem se tornar o principal obstáculo para a normalização das relações.
Na entrevista, ele afirma que a repressão aos católicos ligados a Roma (os da chamada ``Igreja do Silêncio") gerou prisões, agressões e até mortes. Abaixo, os principais trechos de sua entrevista, feita por telefone e por escrito.

Colaborou JAIME SPITZCOVSKY, de Pequim

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