São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995
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G-7 cobra solução política na Tchetchênia

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL A HALIFAX

Os sete países mais ricos do mundo abandonaram toda a cautelosa linguagem diplomática de praxe para cobrar do presidente russo, Boris Ieltsin, solução política para a crise na Tchetchênia.
``Falando francamente, o que está ocorrendo agora lança sombra sobre a promessa russa de se reformar", disse o premiê japonês Tomiichi Murayama.
Em condições normais, os representantes japoneses são os mais cautelosos na abordagem de temas internos de outras nações.
Já o governo norte-americano, mesmo tendo lamentado a crise dos reféns tomados pelos rebeldes tchetchenos, não deixou de assinalar que ``a escalada de violência trará mais violência", conforme afirmou o porta-voz de Clinton, Mike McCurry.
O próprio Ieltsin temia virar refém simbólico da crise. Por isso, preferiu vir a Halifax, para a reunião de cúpula do G-7, apesar da exigência do Parlamento de que ele permanecesse na Rússia, segundo afirmou o seu porta-voz, Iuegeni Iassim.
Os países ricos não se limitaram a criticar verbalmente a Rússia pela crise na Tchetchênia.
A UE (União Européia), conglomerado de 15 países, com quatro membros no G-7, suspendeu a implementação de um acordo comercial com a Rússia, ``até que se cumpra um determinado número de condições", informou Klaus Van der Pas, porta-voz da UE.
Entre as condições, Van der Pas mencionou ``a normalização da situação na Tchetchênia".
Por normalização, entenda-se uma solução ``diplomática e não militar", esclarece Douglas Hurd, ministro das Relações Exteriores do Reino Unido.
Embora não tenha se conformado em ficar refém da crise, Ieltsin foi obrigado a tomar providências para um retorno antecipado a Moscou, no caso de um agravamento ainda maior da crise dos reféns.
Seu avião, um Iliuchin-62, foi reabastecido imediatamente após o desembarque na base aérea de Dartmouth, vizinha a Halifax, de onde os chefes de governo são transportados para a sede da cúpula em lancha rápida. O avião ficou pronto para retornar à Rússia.
Mas, ontem cedo, ao sair da reunião final da cúpula, ao lado de seu colega americano, Bill Clinton, o presidente russo parecia cansado e desatento. Clinton ainda falou com Ieltsin. Depois, só conversou com o anfitrião, o premiê canadense, Jean Chrétien.

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