São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995 |
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Série jornalística deverá ser rito de passagem
SÉRGIO DÁVILA
A boa notícia é que a Globo está inquieta. Busca novos formatos. Quer sacudir, com experiências diferentes, a poeira adquirida. ``Contagem Regressiva" deve ser, assim, um rito de passagem (não está muito claro de onde para onde). E Pedro Bial, que coordena e apresenta a série, seu profeta. O programa, 12 episódios temáticos de uma hora, propõe mostrar os fatos mais importantes das últimas três décadas no Brasil e no mundo. Utiliza -e está aí a novidade- a memória (com noticiário de arquivo), a repercussão (com reportagens atuais e comentários de personalidades) e a ficção (atores representando a família brasileira média). Marca também a aposta no jeito ``diferentão" (certa superexposição, certo personalismo) de Bial. Coube a ele o prestígio da coordenação, ele é a alma da série. No primeiro episódio, ``A Liberdade", a queda do Muro de Berlim, o fim da União Soviética, a derrocada das ditaduras pelo mundo deram o tom. Um texto barroco, pouco didatismo em alguns segmentos e a vontade irresistível de pensar pelo espectador nas conclusões são os senões. E a intervenção do núcleo ficcional ainda não disse a que veio. Talvez pela escolha do tema (mudança nos nomes de países), pareceu dispensável. Mas foi principalmente na cobertura -póstuma- dos últimos 30 anos de Brasil que a emissora arriscou mostrar uma (nova?) cara. A ``Revolução" passou a ser ``regime de exceção". As Diretas Já estavam lá, ainda que tardias. O ``Caçador de Marajás" virou ``governo de crise moral". (Já na chamada do ``Jornal Nacional" para a série, Cid Moreira definia o Regime Militar como ``ditadura".) Deixou um gosto bom de quem te viu, quem te vê. Texto Anterior: Os anjos do Carlinhos Índice |
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