São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 1995 |
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NADANDO COM O INIMIGO
VANESSA DE SÁ
Wahba partiu em busca dos grandes tubarões do planeta para documentar de perto o comportamento desses animais. O resultado desse trabalho são filmes que chegam à televisão em breve. "Quis mostrar que eles têm enorme importância para o ecossistema marinho e que estão integrados a seu meio, diz. Uma das mais arriscadas etapas da viagem foi o encontro com o tubarão branco. A espécie, que ganhou fama de "assassina desde o filme "Tubarão, de Steven Spielberg, em 1975, é chamada pelos australianos de "white death (morte branca). "Mas os ataques não acontecem à toa. Como não têm mãos, eles exploram tudo com a boca, além de confundirem um mergulhador com leões marinhos, seu alimento, diz Wahba, que os filmou abrigado em uma gaiola. Wahba foi o primeiro brasileiro a participar de uma expedição no Falie, barco que o ex-campeão de mergulho australiano Rodney Fox usa para expedições, para documentá-lo na Austrália. Fox, 56, tinha 23 anos quando foi atacado pelo animal. Depois de ter levado mais de cem pontos, dirigindo as sequências submarinas do filme de Spielberg, hoje é um dos maiores defensores da espécie, ameaçada de extinção. Mas nem todas as etapas da viagem poderiam ser chamadas de perigosas. Prova disso é que em Cape Range (golfo de Exmouth, no oceano Índico), Wahba foi "salvo por um tubarão baleia. "Mergulhei para vê-los, quando percebi que um `silver-tip' (tubarão ponta de prata) vinha do fundo em minha direção. Quando segurei a cauda de um tubarão baleia, o outro acabou se `assustando'. Acabei pegando carona com o baleia por quase dez minutos. Espírito de tubarão Em Kontu (Papua Nova Guiné), tubarões são mais do que um animais que impõem respeito. Diz a tradição que eles guardam o espírito dos ancestrais. "Alguns homens da aldeia têm a função de `chamadores' de tubarão, diz Wahba. Saem sozinhos, sem falar com ninguém, em uma pequena canoa para mar aberto. Lá, jogam um pedra para acordar o espírito do tubarão e mexem um chocalho que lembra o som de uma lagosta. "Quando o tubarão se aproxima, o pegam pelo rabo e matam com um porrete. A carne é repartida por todos da tribo, que comem também os órgãos internos." Texto Anterior: "Semana Gás Total" traz rock pesado a SP Próximo Texto: O azul das montanhas é causado por "poluição natural" Índice |
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