São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Brasileiro é libertado pelos sérvios da Bósnia

ANDRÉ FONTENELLE
ENVIADO ESPECIAL A NOVI SAD (SÉRVIA)

Os sérvios da Bósnia libertaram ontem o capitão do Exército Brasileiro Harley Alves, 36, e os outros 25 militares da ONU que ainda mantinham como reféns.
"Passamos momentos meio difíceis, mas meu sentimento maior é de alegria pela minha família", disse à Folha o capitão Harley Alves, após 23 dias como refém.
Alves afirmou que o sentimento ao saber que seria libertado foi de "alegria porque tudo estava terminando. No fundo, a gente sempre tinha a esperança de que tudo iria acabar bem".
"Volto para minha missão, de acordo com a vontade dos meus comandantes", acrescentou Alves.
Os 26 reféns libertados -11 soldados canadenses das forças de paz e 15 observadores militares de diversas nacionalidades- foram levados de ônibus de Pale, a "capital" dos sérvios da Bósnia, para Novi Sad, norte da Sérvia.
Eles passaram a noite no complexo hoteleiro Dunavski Kolibe (Cabanas do Danúnbio), onde outros reféns libertados já haviam sido hospedados.
Hoje, o grupo deve seguir para Belgrado, a capital da Sérvia, onde embarcam com destino a Zagreb, capital croata.
O ônibus com os 26 militares chegou a Mali Zvornik, fronteira entre Sérvia e Bósnia, às 19h30 (14h30 de Brasília).
Foi escoltado pelas forças especiais da polícia sérvia, sob o comando do chefe da polícia secreta, Jovica Stanisic.
Ao chegar à fronteira, Stanisic leu um pequeno discurso rabiscado numa folha de papel. "Espero que, com esse gesto, a comunidade internacional seja mais compreensiva em relação a todos os sérvios. Estamos satisfeitos com o sucesso de nossa missão."
Stanisic foi o mediador indicado pelo presidente da Sérvia, Slobodan Milosevic, junto à liderança dos sérvios da Bósnia.
Em seguida, a caravana se dirigiu a Novi Sad, norte da Sérvia, aonde chegou às 21h45 (16h45 em Brasília). A polícia interrompeu o tráfego ao longo de todo o caminho para a passagem da caravana.
Os ex-reféns falaram à imprensa governamental e se reuniram para discutir a programação de hoje.
No ônibus, Alves estava sorridente, mas aparentava cansaço. A maior parte dos militares ria e brincava, enquanto ele permanecia sereno. Vestia farda e tinha a palavra Brasil bordada em seu ombro direito.
"É um alívio. Fiquei até baqueado", disse o encarregado de negócios da Embaixada do Brasil em Belgrado, Samuel Buenos dos Santos, ao saber da libertação.

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